quinta-feira, 30 de julho de 2009

Dica de sobrevivência



Há muitas coisas a ter em conta para nos mantermos física e psiquicamente saudáveis. Mas acho que vou falar só da parte psíquica, porque da outra já todos sabemos tudo de cor e salteado, mesmo que não façamos nada do que deve ser feito. 
Regra de Ouro: não ligar ao que os outros pensam de nós.  
Eu sei, eu sei, é difícil. É difícil esquecer aquele almoço em que tivemos mais de meia hora com uma alface nos dentes e ninguém nos disse nada. É difícil deixar de lado aquela insegurança quando achamos que estamos gordos. E é difícil não nos irritarmos quando somos contrariados e quando somos confrontados com o facto de estarmos mais gordos. Ou até com o facto de termos uma alface nos dentes, ainda que fiquemos mais irritados ainda quando não nos avisam disso.
É difícil sentirmos que fomos mal interpretados, que aquela piada parva que dissemos a não sei quem no meio de um jantar, na maior das ingenuidades, se tornou numa verdadeira batida de frente. Minha e de quem teve de suportar a piada. 
É difícil depois ficarmos quietos, sem pedir desculpas e arranjar todos os argumentos possíveis e imaginários para que a piada venha de facto a ser só uma piada e não um pecado capital. E é cansativo também.
Não discordo de que devemos adaptar-nos uns aos outros, da melhor forma, mas como nem sempre é fácil, nem justo para nós mesmos, fugir à nossa própria natureza, nem sempre correspondemos da melhor forma às mais diferentes pessoas.  
E a solução mais sensata é a de não pensarmos mesmo em nada disso. Já tinha descoberto essa solução, mas nunca a tinha posto em prática... basicamente porque não é fácil de se por em prática. Parece confortável, e torna-se confortável com o tempo, mas no início é aquela luta clássica. Não queremos nunca, num modo quase egoístico, que alguém tenha má impressão de nós... mas isso... cansa...
Resolvi que não vou mais preocupar-me com o que a vizinha do lado pensa dos meus ténis encardidos (bem, isso nunca foi uma preocupação para mim, mas serve de exemplo). Não me vou preocupar com o que as pessoas pensam das minhas piadas, mais ou menos secas, mais ou menos agudas, mais ou menos inconscientes. Não me vou mais preocupar com o aquele "Bom dia" que não dei, nem com as expectativas que têm sobre mim, mais ou menos frustradas, deste ou daquele. Somos o que somos. Ainda que possamos controlar o mau feitio, não podemos controlar a ironia. Eu não consigo. E até acho que isso tem tudo a ver com bom feitio. 
Que mal há em rir-me de um gajo vestido com uns calções justos e t-shirt cor-de-rosa que indaga numa voz histérica "Onde está a minha pochete?". Não é por ter alguma coisa contra os gays, aliás não tenho nada, é só porque essa situação em particular é simplesmente cómica, quase a roçar o ridículo. Mas o melhor que essa pessoa pode fazer é ignorar o que eu penso ou acho dela! (Mas para que não haja dúvidas, este momento é fictício... mas lá estou eu a justificar-me... ).
O Manel acha que eu sou convencida? A Margarida acha que o Manel é feio? A carla acha que o Ricardo não tem estilo? O Ricardo acha que a Carla não sabe ser oportuna? Whatever... As pessoas são todas diferentes. 
Não nos é possível sair da perspectiva limitada do nosso eu individual e entrar em outros semelhantes ou completamente antagónicos.
Façam o vosso melhor, mas nunca se esqueçam que acima de tudo, o importante é estarmos em sintonia connosco mesmos.  

domingo, 19 de julho de 2009

Nostalgia?


Já imaginaram o que seria o mundo se não existisse nostalgia? Se fosse sempre tudo tão homogéneo que não fosse sequer preciso lembrar o passado. Se não houvesse mudanças, nem novidades, se não houvesse nascimento nem morte. Apenas o presente, continuo e imutável. Devia ser bom... 

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Das duas, três!


   Estou confusa. As mesmas pessoas que sempre me disseram "nunca te metas na droga porque isso mata", são as mesmas que agora me dizem "todos temos uma hora marcada. Só Deus sabe quando.".
Então como é? Das duas uma... Porque senão começa a parecer-me mais 'das duas três'! Porque nas entrelinhas esconde-se outra hipótese qualquer... quem sabe a "cá se fazem, cá se pagam", ou seja, ou te portas bem ou Deus castiga-te. 
   Não tenciono meter-me em coisa alguma, mas inevitavelmente, estes questões dão que pensar. 

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Sete Esquilos e Uma Princesa




"Sete esquilos e Uma Princesa" (montagem photoshop)

Tudo o que parece ser não o é. Aqui há mais de dez elementos transportados para uma imagem original, que era desprovida de vida e que agora narra a história de uma princesa, e seus sete esquilos, acabados de aterrar num ovo espacial numa micro-esfera paralela. Tudo o resto fica à vossa imaginação.  

A spooky trip



"A spooky Trip"  (caneta preta bic, colagens em papel vegetal..)

Esta ilustração deu-me uma carga de trabalhos. Imaginem o que é preencher tudo com caneta bic!
É para uma das histórias do livro "As formigas", de Boris Vian, que narra a história de uma estranha viagem em que os intervenientes acabam por esquartejar um dos elementos só porque ele não fala nem participa nos diálogos que se desenvolvem naquela carruagem. E quanto mais o molestam, menos reacções dele conseguem. Enfim, Boris Vian, sempre tétrico e altamente surreal... 


quarta-feira, 8 de julho de 2009

Quem é Deus?



- Quem é Deus? 
- Não sabes quem é Deus? Então, Deus é aquele tipo que nunca faz o que lhe pedes!

Anos 90


Tenho a sensação que os anos 90 foram uma década um pouco ignorada. Ou talvez ainda não seja tempo para os valorizar e reviver, já que os revivalismos têm tendência a acontecer pelo menos 30 anos depois.
Eu cresci nos 90 (bem, continuei a crescer depois disso, mas dei as minhas primeiras passadas enquanto gente nessa década), e talvez por isso tenha em mim essa nostalgia. Era uma criança, mas vai-se lá saber porquê, gostei sempre mais das coisas que os adultos faziam e ouviam que ligar às coisas da minha idade.
Adorava e continuo a adorar aquele estilo meio punk, meio grunge, do inicio da década... os cabelos compridos, as botas de biqueira de aço e os calções esfarrapados nos rapazes, que continuavam a parecer putos por mais que crescessem. Não posso dizer que ache sexy, mas exerce um certo magnetismo em mim, isso é certinho. Estava em voga a simplicidade, tornando-se numa verdadeira lufada de ar fresco depois do barrocos 80 (ainda que nas mulheres aquelas calças de cós alto não me atraiam muito, nem tão pouco as t-shirts a mostrar a barriga) e eu sempre achei arrepiante a moda dos 80. A nova estética, como quase todas elas, esteve sempre a par da estética dos músicos da altura, boas bandas Rock, Punk, Grunge, muitos popularizadas, sendo este último estilo musical surgido mesmo na transição dos 80 para década de 90.
Pélo-me pelo Kurt Cobain, pelo Eddie Vedder e pelo Whitfield Crane. Continuo a achá-los lindos como da primeira vez. Claro que agora devem estar gordos... pelo menos os que sobreviveram. E tenho tanto medo de perder a imagem que tenho deles, que não vou cair na tentação de ir ver fotografias actuais ao Google. Para mim vão ter sempre aquele aspecto de há quase 20 anos atrás.
Aos dez anos a minha maior frustração foi não ter idade suficiente para ir ao concerto dos Ugly Kid Joe, ao qual o meu irmão (com 14 na altura) conseguiu ir. Fiquei duas horas a chorar à janela. Sim, era completamente apaixonada pelo vocalista, mas assim duma fixação que hoje só dá para rir quando me lembro. Cheguei a achar que o ia conhecer, casar com ele e ter muitos filhinhos de cabelo comprido. E até hoje pergunto-me se com 14 anos o meu irmão poderia ter entrado sem falsificar o BI.
Depois também havia o BritPop, o PopRock e derivados, com uma estética mais composta, mas mais obscura. O metal sinfónico teve grandes contribuintes e muitos temas ainda estão no ouvido de muita gente. Portugal conheceu também bons autores. Quem não se lembra dos Quita do Bill?
Bem, há que dizer que não entendo profundamente a história da música nem sei rotular estilos musicais no seu mais ínfimo pormenor, por isso espero que não me apareça aqui uma daquelas pessoas que sabem de cor todas as influências existentes em cada música, mas a verdade é que música dos 90 continua a acompanhar-me até hoje, saiba eu pouco ou muito acerca dela.

Nos dias de hoje também há óptimas referências. Em todas as Eras surgirão trabalhos de qualidade que ficarão para a posteridade. Mas, como em qualquer Era também, há muita fuleirada. No outro dia estava a passar pela minha escola onde andei do 5º ao 9º ano, e deparei-me com um bando de miúdos com as sobrancelhas arranjadas, cabelos aerodinâmicos e camisas rigorosa e estrategicamente engomadas, artilhados de telemóveis e mp3's. E fiquei a pensar "raios partam os Tokio Hotel, que transformaram esta geração em bonecas de porcelana urbanas." Antes os cabeludos em cima de um skate. 

Fica então aqui a lembrança de boas bandas, algumas ainda no activo mas outras já extintas:

Pearl Jam
Nirvana
Radiohead
Guns and roses
Green Day
Ugly Kid Joe
The Verve
Oasis
The Smashing Pumpkins 
Prodigy
Garbage
Quinta do Bill (eh eh)
Sétima Legião
Entre aspas
Sitiados

Depois apareceram as Spice Girls e os Backstreet Boys e estragaram tudo...


Signos

 

Acho imensa piada colocar lado a lado a minha vida e a descrição do meu signo. 
E achei especial piada ler repetidas vezes nos mais diferentes sites que uma pessoa aquariana adora tecnologias e que o seu quarto é revestido de alto a abaixo com superfícies metalizadas e cores neutras como os cinzentos. 
Bom... se estou recordada, o meu telemóvel está a cair aos pedaços e só vou comprar um novo quando este já estiver em coma profundo. Não, não faz mais nada senão chamadas, mensagens escritas e tira umas fotos tão más que ninguém distingue uma cara de um cú.
Se bem me lembro, tive um mp3 há três anos atrás que se estragou em menos de meio ano e nunca mais voltei a comprar outro. Quanto a um mp4... isso é o quê? É um micro-ondas?
Não tenho playstation, não me venham falar do novo jogo para a PS3 que eu não faço a mínima ideia do que estão a falar. A última vez que joguei um Jogo deixei a Lara Croft afogar-se 50 vezes até desistir por completo de tentar prosseguir o jogo. Já não sei onde anda esse jogo, a propósito. Deve estar na cave.
O meu quarto...o meu quarto parece uma galeria de tudo e mais alguma coisa. É assim um género de reservatório de todos os objectos e todas as imagens que me façam lembrar algo de que gostei ou gosto muito. As paredes são amarelas e lilases. A minha cama tem sempre colchas rendadas, muitas delas feitas pela minha bisavó materna. Na minha mesa de cabeceira tenho um Buda e um candelabro com uma grande lua... o meu quarto é de cima a baixo revestido com cores quentes e madeiras. Onde está o metalizado? Ah, acho que tenho metalizado na moldura das janelas, que são hediondas 'by the way' e não fui eu que as lá pus.
Mas sim, tudo o resto bate certo... excluindo o pormenor do Cristiano Ronaldo fazer anos no mesmo dia que eu: nunca tive jeito para futebol nem especial gosto por cabelos impregnados de gel. Também não tenho especial gosto em dar pontapés na gramática nem ter uma colecção de carros na garagem (sim, não sou milionária, seja como for, carros não são a minha idolatria. São muitas as vezes que tenho de me esforçar para me lembrar a marca do meu). 
Sou virada para o futuro? Sim, acho que sou. Mas isso não tem de significar que o futuro se traduza em tecnologias e coisas retiradas da ficção científica. O futuro poderá ser o inverso do que até hoje imaginamos. 
Como Albert Einstein disse um dia "Não sei como será a terceira Guerra Mundial, só sei que a quarta será feita com pedras e paus"...

125 Azul


Esta música dos Trovante faz-me sempre lembrar os meus tempos de criança, quando ia com pais e irmãos Sul abaixo, até ao Algarve. Aquelas três horas pareciam intermináveis, mas sempre com boa música e na expectativa de duas óptimas semanas de praia. Há anos que já não fazemos essa viagem, essa viagem que antes era um compromisso anual, repetido anos a fio. Às vezes gostava de voltar a esses tempos... o complexo de Peter Pan encontra-nos a todos... 
Adoro esta música. Não entendia tudo o que ela conta, mas era uma música que relatava uma viagem Portugal afora, sem preocupações, desligando da cidade, e isso combinava bem com o momento.

Foi sem mais nem menos
Que um dia selei a 125 azul
Foi sem mais nem menos
Que me deu para abalar sem destino nenhum

Foi sem graça nem pensando na desgraça
Que eu entrei pelo calor
Sem pendura que a vida já me foi dura
P'ra insistir na companhia

O tempo não me diz nada
Nem o homem da portagem na entrada da auto-estrada
A ponte ficou deserta nem sei mesmo se Lisboa
Não partiu para parte incerta
Viva o espaço que me fica pela frente e não me deixa recuar
Sem paredes, sem ter portas nem janelas
Nem muros para derrubar

Talvez um dia me encontre
Assim talvez me encontre

Curiosamente dou por mim pensando onde isto me vai levar
De uma forma ou outra há-de haver uma hora para a vontade de parar
Só que à frente o bailado do calor vai-me arrastando para o vazio
E com o ar na cara, vou sentindo desafios que nunca ninguém sentiu

Talvez um dia me encontre
Assim talvez me encontre

Entre as dúvidas do que sou e onde quero chegar
Um ponto preto quebra-me a solidão do olhar
Será que existe em mim um passaporte para sonhar
E a fúria de viver é mesmo fúria de acabar

Foi sem mais nem menos
Que um dia selou a 125 azul
Foi sem mais nem menos
Que partiu sem destino nenhum
Foi com esperança sem ligar muita importância àquilo que a vida quer
Foi com força acabar por se encontrar naquilo que ninguém quer

Mas Deus leva os que ama
Só Deus tem os que mais ama

domingo, 5 de julho de 2009

Obama, o Herói?


Não vou ser original... Eu partilho do mesmo entusiasmo que a esmagadora maioria das pessoas em relação à tomada do cargo de Presidente dos Estados Unidos por Barack Obama. Não só por ser um afro descendente, mas por ser claramente um homem inteligente e de valores firmes. 
Num país que durante décadas humilhou e tratou de forma desigual os negros, este acontecimento vem comprovar que os americanos e o mundo em geral estão, de facto, dispostos a abraçar os tão enfatizados valores de igualdade e fraternidade entre todos os seres humanos. O que para muitos sempre pareceu um El Dourado, uma utopia apenas passível de ser concretizada em sonhos, tornou-se agora uma meta atingível.
Obama fala numa nova definição de uma nova geração, caracterizada pela responsabilidade e assente em "valores antigos" como a honestidade e trabalho árduo, fair play e coragem, patriotismo e lealdade. 
Contudo, o repetido slogan "Yes, we Can", muito ao estilo Americano, pode trazer alguma decepção aos mais perspicazes. Não por não acreditarem que não seja possível uma mudança real, mas porque consideram que se trata de mais um daqueles slogans que enfatizam um fim, mas não contemplam os meios. Porque, obviamente, nada que se preste a uma verdadeira mudança é fácil e imediato. Nem todas as promessas poderão ser concretizadas, pelo menos a curto prazo, porque não são meia dúzia de iluminados que detêm o 'Santo Graal', é sim o trabalho colectivo de uma nação que poderá fazer a diferença a longo prazo.
Admito que não percebo 'lufas' de política, não estou dentro das directrizes específicas de cada partido, aliás, continuo a ver o Comunismo, por exemplo, na velha acepção da U.R.S.S., embora tenha noção que hoje em dia devem haver umas quantas diferenças, adaptadas a novos tempos. E quanto à Democracia, se calhar ainda sou daquelas pessoas que a vêm com os mais variados filtros, principalmente os cor-de-rosa...isto para dizer que a minha opinião vem de uma mera espectadora, daquelas que ficam sempre de fora a ver, mas nunca se misturam nos movimentos propriamente ditos. Até digo mais, só há umas semanas é que me recenseei, com quase cinco anos de atraso (sim, dou a minha mão à palmatória, mas fiquem cientes que a outra continua disponível para retaliar, ah ah ah). Mas como ser humano e como cidadã, tento todos os dias ser o melhor possível, ainda que não saiba bem em que lado estou, se na direita ou na esquerda, se no centro... talvez esteja com um pé aqui e outro ali. 
O mundo está esperançoso, isso é já um elemento-chave para a transição, mas, e para terminar, cito a velha frase que nos diz "O maior erro humano do presente é julgar que as coisas do passado se tornaram impossíveis". Para o confirmar não temos só as várias guerras e genocídios a acontecer neste preciso momento, mas também a lembrança de que antes de Obama, há uns escassos meses atrás, tínhamos George W. Bush, esse grande senhor que pode ter muito jeito para acartar com maços de palha e montar a cavalo, mas nunca como Presidente...e que o era e foi de facto, para a incredibilidade de muitos.