sexta-feira, 26 de junho de 2009

Estilos e segregações

Às vezes penso que não tenho predisposição para nada em específico e para tudo ao mesmo tempo. Costumo sentir-me a flutuar no tempo, não pertencendo a filosofia nenhuma e não sei sequer definir o meu estilo.
Aliás, quando entrei para o liceu não entendia o porquê de se formarem grupos de pessoas consoante a maneira de vestir. Havia os 'dreds', os 'hippies', os 'trashers', os 'betos', os 'pintas', os 'góticos', os 'bimbos', etc, etc, de entre tantos outros rótulos, uns mais simpáticos, outros menos. Depois havia as pessoas como eu, que eram impossíveis rotular, porque não me conseguiam identificar com estilo algum.
Nessa altura eu afastava de mim qualquer influência exterior que se manifestasse de forma superficial e empobrecida de qualquer fundamento racional. Porque era apenas uma forma de vestir, que ambicionava os fins, mas não contemplava os meios: um aborrecimento. Os miúdos assim se vestiam porque estava na moda ou porque queriam imitar o palhaço da turma ou a menina bonita por quem todos os rapazes se apaixonavam.
Vestir eu vestia qualquer coisa que me agradasse, e que achasse que me ficava bem, sem medir questões do género: "será que isto tem a ver com a minha amiga Joana?". Mas como também tinha amigas, como a Joana, entendi, aos poucos, que afinal também eu fazia parte de um grupo, o grupo dos que não se importam com nada disso.
A roupa pode, sim, transmitir um estado de espírito ou forma de estar na vida. Pode ser um veículo de expressão bastante importante e até interessante. Mas quando somos mesmo muito jovens, não temos propriamente uma intenção pedagógica ou a intenção de, simplesmente, nos sentirmos confortáveis, mas sim a intenção de chamar à atenção para nós mesmos. E a maioria saltita de estilo em estilo, consoante o grupo a que se junta, sem se preocupar em encontrar a sua verdadeira definição. E só mais tarde começam a fazer as escolhas consoante algo mais sensível e profundo em detrimento duma mera aparência. Só um pouco mais tarde é que surge a definição. Mas para ela surgir, talvez tivessem mesmo de passar por várias fases. Talvez eu não tenha precisado.
Ainda assim, mesmo que tenha entendido a força da moda, continuo a achar que nada disso interessa. Mas também percebi que é impossível não existirem segregações. E que embora eu não tivesse um estilo visual definido, a minha personalidade tratou de me enquadrar em algum lugar, isso é certo.
As segregações estão dentro de nós. Nós somos naturalmente segregacionistas porque tendemos a procurar quem se assemelhe a nós. Porque nós precisamos de nos identificar com algo. E ao crescer, e ao tornar-me menos moralista, não mais censurei estilos ou formas de vestir, porque sei hoje que as fases têm todas um inicio e um fim e que algumas pessoas têm de passar por várias ou por todas elas, e que, no fim, acabam por encontrar o seu ambiente ideal.
Justo e bonito é que haja tempo e espaço para se viverem, tranquilamente e sem pressas, todas elas.

1 comentário:

  1. babe o importante no fundo é cada um se sentir bem com aquilo que é... ainda no outro dia passei de carro e tava aquela vizinha doida que passa a vida no café, a desdentada que leva sempre o filho e o pai é bêbado... epah coitada da mulher que merda de vida... mas pronto quando passei de carro ela tava la na casita dela muita contente a dançar ao som da kisomba. fico feliz por esta gente. desde que tejam todos bem é o k importa. cada um com a sua ropita... o seu "estilo". têm é de fazer alguma coisa da vida né. tar só em casa e em cafés nao ajuda ninguém. desgrenhados nao querem fazer nenhum!

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