quinta-feira, 11 de junho de 2009

Luelmo

Para quem se está a perguntar a si mesmo "que raio de nome é este para um blog?", eu explico. Não tem nada de metafísico. É só o meu apelido. E até estou agradecida por tê-lo, porque senão ia ser mais uma Ana, no Bum das Anas.
Assim apenas lido pode parecer apenas estranho, um tanto feioso, mas não é especialmente exôtico, tipo Borghildbjorn, como aqueles nomes que volta e meia aparecem nas listas dos novos alunos na Faculdade (e começamos logo a imaginar que temos um noruguês como colega, alto e espadaúdo, nos píncaros da saúde e cheio de amor para dar, para logo nos apercebermos que é apenas um descendente alemão por parte da bisavó por parte da tia da mãe, completamente português, inchado e com duas rosáceas nas frontes). Mas Luelmo, quando apenas dito, ninguém percebe. E nem sei porquê, não tem w's nem y's nem cinco consoantes seguidas. Se bem que para aqueles que nao dizem os l's deve ser lixado.
O meu nome é também uma herança dum estrangeiro muito à frente. É mesmo ali de Espanha, na fronteira com Portugal, algures entre Zamora e Fermoseille, por parte de bisavós, de uma tal de Socorro e de um tal de Manolo, que nunca cheguei a conhecer, e o que torna toda a histórica logo menos entusiasmante.
Quando tenho de dizer o meu nome a alguém, faço logo a antevisão da expressão mais repetida de sempre: "Como?", começando a soletrar a 'palavra' sonolentamente, segundos antes da reacção se realizar e do "como?" ter tempo sequer para ver a luz do dia. Ou então não dizem nada e escrevem o que lhes suou melhor. Mais tarde temos alguém a tratar-nos oficialmente por Noel. Ou Coelho. Sim, já confundiram Luelmo com Coelho. Eu devo ter um problema de dicção muito profundo e não dei conta. Isso preocupa-me, porque quer dizer que sempre que eu falo e as pessoas dizem o fatídico "pois", quer dizer que não perceberam nada. Bem, todos nós temos episódios em que temos a nítida sensação de estar a contar a historia mais hilariante do mundo e ninguém estar a ouvir. É desagradavel...é um facto.
Mas não, acho que não é dislexia minha. Porque não é possivel que quando eu digo Luelmo, se pareça realmente com Hellmans. Pois é, meus caros amigos, Hellmans. Mas de facto, a senhora tinha uma aparelho de audição que parecia um telemóvel atrás da orelha. Eu cá se fosse a ela, pedia uma indmnização ao fabricante. Aquilo não era pa ouvir melhor, era para captar vozes do outro mundo. Os serviços secretos devem estar metidos nisso.
De Coelho a Hellmans, pelo meio também fui Lelo. Ana Lelo. Não podia ser mais lisonjeiro.
Mas sim, já dei por mim a responder a telefonemas em que do outro lado se ouve: "D. Ana Elmo?" e eu "Sim, sou eu, boa tarde", porque não vale muito a pena reivindicar a sonoridade perfeita do meu nome já que ele não significa coisa alguma. "Pode ser Elmo, pode, diga lá."
Mas tem o seu quê de interessante não ser mais uma Silva ou uma Sousa, porque pelo menos pude mesmo deixar de ser Ana. Quem já sabe (finalmente) como se diz, já não me trata por Ana. E não foi por opção, simplesmente não há ninguém que me trate doutra forma, tirando a minha familia. Claro que aos poucos vai evoluindo para Luelma, porque senão parece que me estão a atribuir um nome masculino, o que também dá um nó agravado no sistema.
Mas suponho que é normal esta continua metamorfose dos nomes, porque há sempre aquele engraçadinho que gosta de fazer trocadilhos com o nome de qualquer pessoa, passando o Zé Aves a Zé dos Frangos, O Miguel Dias a Miguel Noites e outros exemplos que primam no gosto e na comicidade... Mesmo hilariantes esses tipos.
Ele não dá grande azo a comédias porque não quer dizer nada, nem se parece com nada que de cómico tenha (acho eu), mas se não é Luelma, é mesmo Lelma, qué mais rápido, mais prático. E depois surgem as situações "Ana? Tu chamas-te Ana?. . É que pensava que eras mesmo Lelma, tipo Telma".
Enfim, mesmo com os reveses marotos da fonética, gosto do meu nome. Quanto mais não fosse por tê-lo herdado do meu pai, que ao contrário dos meus bisavós castelhanos, conheci muito bem e de quem muito me orgulhei.

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