quinta-feira, 25 de junho de 2009

Novelas portuguesas

Quem as faz prima pela falta de vocação ou, mais provavelmente, pelo pouco esforço sacrificado em nome de tal oficio. Acredito que haja gente talentosíssima no meio, mas que de si dá muito pouco. E os ingénuos, meio país e um quarto, conseguem mesmo achar-lhes piada. Toda a gente cai nas graças das novelas portuguesas “aka” novelas da tvi.
Devemos aplaudir o empenho em oferecer ao povo o produto da terra, em oferecer ficção nacional, com portugueses e para os portugueses, mas isso não significa que, uma vez ganho o amor do público, se possam sentar à sombra da bananeira e não acurarem os detalhes. Aliás, que Televisão não gostará de aumentar sempre mais um pouco essa audiência? …Mas, então, façam bom trabalho. Porque se há audiência, essa audiência está a alimentar-se de péssima Televisão. E os demais, que põe de lado essas mesmas novelas, também nunca hão-de ser cativados.
É uma pena observar actores promissores embrenhados em péssimos textos, com péssimas direcções e péssimas cenografias. Em poucos segundos, no meio de tanto lixo, qualquer estrela se desvanece.
Estamos muitíssimo atrasados no que toca à Televisão. Temos bom teatro, bons comediantes e até algum bom cinema, mas as novelas, que são consumidas pelo dobro das pessoas que os outros todos juntos, são a visão de um passado longínquo, nos primórdios da realização. Mas não dá nostalgia alguma, apenas apreensão.
Nem as novelas brasileiras, no ar em Portugal há mais de vinte anos, parecem servir de exemplo. Com uma gama de excelentes actores e uma produção de relativa qualidade, ainda que com algumas arestas a limar, são um bom exemplo de como fazer boa ficção sem grandes recursos financeiros, pelo menos à vista de Hollywood (não invalidando que os brasileiros tenham, de facto, uma predisposição genética para a representação. Oh xênti…).
Ao observar de forma crítica uma novela brasileira e em seguida uma portuguesa, saltam facilmente à vista os principais erros. E esses erros nem são assim tão difíceis de emendar. Ou serão? É que por acaso são muitos.
O método para conseguir imitar o real parece-me simples: observarmo-nos a nós mesmos e aos outros atentamente, ou seja, prestar atenção a esse real que se quer imitar. E eu acho que quem escreve os guiões não está habituado a ouvir-se nem a si mesmo nem aos outros, e quando falo dos outros refiro-me até ao rapaz que lhe serve a bica todas as manhãs. Depois chega o dia em têm numa cena com um rapaz que serve bicas e nem sabem o que o hão-de por a fazer e a dizer. De facto, as próprias personagens não têm uma personalidade definida nem qualquer vestígio de complexidade, e os textos pouco acrescentam, de tão maus e inoportunos que são. E se não são complexas, são desprovidas de qualquer carisma, e personagens sem carisma não são personagens que valham a pena sequer nascer. Não sou actriz nem tenho essa pretensão, e por isso não ponho em causa o talento e o trabalho que essa profissão exige, mas em tudo o que fazemos devemos ser sempre o melhor possível, principalmente quando se expõe a própria imagem numa tela de televisão ligada no país inteiro.
Depois é a questão da movimentação, que me irrita quase tanto como os enfadonhos textos. Não existe qualquer dinamismo, nem ponta de naturalidade. Debitam os textos de tronco virado para as câmaras mesmo que estejam a falar para o lado (um pau de vassoura faria bem o papel e não sairia tão caro), não se mexem enquanto não acabam o texto e ninguém interfere no tempo de cada um de dizê-lo até ao fim. Não existe uma caminhada curta para o sofá, seguido de um levantar e um virar de costas. Não existem gestos naturais de agarrar num objecto enquanto falam, descalçar os sapatos ou simplesmente coçar o nariz. Ninguém vê televisão, ninguém cozinha, ninguém toma banho. Não existe espontaneidade, e o que faz o actor um bom actor será a facilidade em transpirar espontaneidade na ficção.
Depois há a cenografia. E o Óscar desta categoria vai directamente para o Rebelde Way (por acaso da Sic). Pouco sei da história de cada um dos pequerruchos, mas sei que a trama anda à volta de meia dúzia de alunos de um colégio de seu nome Prestige, cheio de etiquetas a dizer ´”ridículo”. Ridículo, primeiro, porque, por alguma razão insondável, retrata um colégio de meninos ricos, mas que de riqueza têm pouco, e nada se parecem com a maioria dos jovens portugueses a quem, supostamente, tentam adequar-se e é ridiculamente enorme para a quantidade de indivíduos que habitualmente lá circulam (assim uns 20 no máximo, a contar com os figurantes). Ridículo, em segundo lugar, porque passadas as portas (e entrando no cenário) deixam de existir janelas, deixando de existir qualquer ligação a um mundo exterior que nos ajude a formar um contexto (isso também acontece muito com as brasileiras, mas não de uma forma tão evidente). E sendo que a luz de estúdio e o pouco cuidado na cenografia dos habitáculos são tão proeminentes que uma formação mental de um contexto real vai por água abaixo.
Por fim vamos aos planos. Para que não sabe há vários planos possíveis: o plano geral ou grande plano, o plano médio ou ainda o plano americano, e os planos aproximados e de detalhe, havendo ainda os planos de sequências, os voos, etc. E penso que o segredo não está no uso e abuso de todos eles ao memos tempo, porque há cenas que dispensam muitos deles, mas sim no ritmo, na cadência e no intercalar dos mesmos, assim como a duração de cada um. E cada situação deveria seguir um padrão específico para uma melhor transmissão da mensagem idealizada, mas o que acontece é uma homogeneização desses padrões, até que deixam de existir dinâmicas e a história se torna apenas mais uma das muitas produções-relâmpago.
Começar por contratar actores profissionais, pessoas com formação real na área, seria um bom começo. Deixar as entradas das escolas ou as caixas registradoras dos super-mercados em busca de carinha bonitas e admitir pessoas com uma beleza não tão acessível à maioria dos gostos, mas com inequívoco talento, seria um excelente começo. Ficamos ansiosamente à espera.

1 comentário:

  1. pura verdade mulher! tens de ir á produção da sic e da tvi e dizer lhes como é que isto funciona... eu ja desisti de ver novelas portuguesas não da! saio da sala irritada e xega me a dar mm nervos so de ver tamanha estupidez! nunca te aconteceu estares a ver uma novela e ás tantas quase que pedes k os argumentos sejam aquilo que estas a pensar e que não têm nada a ver com o que eles estao a dizer? é demasiado brego pareçe quem quem escreve aquilo tudo é um atrasado mental, não é preciso ser se muito inteligente para se perceber que as novelas e filmes e também programas super horríveis são de gente retardada e nem deviam de sair para a televisão é uma vergonha! k nojo man... vê la se tu e o andre tratam desta situação que já têm a escola toda, revolucionem a televisão portuguesa please!!!

    VG *

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