sábado, 13 de fevereiro de 2010

Ontem falei com um senhor na estação de metro Universidad, aqui em Barcelona. Sim, muitos senhores nas estações de metro...mas não costumo falar com eles. Este senhor vinha bebedo que nem um cacho de uvas fermentadas, e por isso ia falando sozinho até que alguém o intercedesse pelo caminho. Mas nunca ninguem o faz, porque nunca ninguém quer falar com um bebedo. E eu também não tenho lá essas coisas por falar com pessoas estranhas e, principlamente, embebidas em alcool barato. Ou caro...porque do alto da minha sabedoria vinicula, eu simplesmente não distingo a diferença. Mas vejo-me muitas vezes a faze-lo (a falar com pessoas estranhas, salvo-seja).
Ele vinha aos tropeços, com os olhos vidrados em algo invisivel, ao qual falava como se ali estivesse alguém. E dizia repetidamente alguma coisa que eu não entendia muito bem. Se custa entender bem um bebedo em português, custa um bocado mais a entender um bebedo em castelhano.
Ele olhou para mim e eu sorri-lhe. Poque não vejo outra coisa a fazer senão sorrir. Não ia demonstrar-lhe medo porque, de facto, medo eu não sentia. Não lhe ia virar a cara porque, uma vez apanhada a observá-lo, não conseguia virar-lhe a cara. Ele aproximou-se e disse-me "aquilo que eu mais queria era voltar a sentir amor". E eu disse-lhe "eu também queria senti-lo". E ele respondeu "Não estás a percerber, o que eu queria era voltar a ver os olhos da minha mãe".
Depois de alguma filosofia metida a pés juntos, ele ainda me convidou para irmos os dois beber até cair, ao qual eu recusei com um "não, estou com muita pressa", porque também não lhe ia dizer "eu não o conheço de lado nenhum e muito menos vou beber consigo até cair". Mas fiquei a pensar nele.
E a pensar na minha mãe e nas pessoas que sempre me demonstraram amor incondicional...e no medo que eu tenho de um dia ser eu a andar aos ziguezagues pelas ruas em busca desses amores perdidos. E no meu pai, a quem já perdi, de facto. E no amor que ele me mostrava só através do olhar, e em como eu entendi aquele senhor. Se tinha ido beber com ele até cair...não, porque eu ainda tenho uma coisa que se chama "juventude" e da qual ainda há esperanças de tirar mil e uma coisas. Só espero que essa juventude não leve a mais ninguém a lugar tao triste...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

....

Finalmente percebi porque existe tanta gente contra a globalização...