sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Ano 2013 em revista

Sempre quis fazer isto!!!
Mas como não sou a CNN... Será "Um ano em revista à la Luelmo": atabalhoado, pessoal, cheio de partidarismos e crítico.

Em 2013 tivemos alguns acontecimentos interessantes, uns pela positiva, outros pela negativa, outros apenas pelo seu cariz insólito. Mas o Mundo não seria Mundo se tudo fosse canções de amor... Seria, sim, um chato concerto do Tony Carreira, sem querer ofender o senhor.

Comecemos pelo Vaticano. Só para seguir o calendário, nada mais.
Ratzinger abdica a 28 de Fevereiro. Abdica do seu posto Papal e do seu cognome 'Bento qualquer-coisa' (XVI?), para espanto de muitos.
Para meu espanto também, confesso. Fazia tempo que não se assistia a um acto tão honesto e espontâneo vindo d'aqueles lados.
Dizem as más línguas que o senhor está senil, doente, com os pés para a cova, mas eu cá acho que Ratzinger se desiludiu, simplesmente, com a Instituição que o elevou a Papa. Afinal de contas...santos? Só os feitos de pau.
Deve ter visto o que não queria ver e ter sido levado a fazer o que não queria fazer. Mas isto serão sempre apenas suposições minhas. Não tenho Twitter, não sei como me pôr em contacto com ele e perguntar-lhe o que realmente aconteceu.
Talvez tenha também tido algum tipo de crise religiosa, porque como dizia o meu pai:
- Se nem a eles Deus aparece, eles que são os eleitos e supostamente mais próximos a Deus...um 'gajo' deve sentir-se frustrado!"
Mas logo a seguir, a 13 de Março, aparece-nos Jorge Bergoglio, conhecido agora por Francisco, jesuíta de coração e a grande surpresa do ano! Sei que já falei sobre ele em tempos idos, neste mesmo blog, mas agora redimo-me dizendo - Gosto mesmo dele! Além de mostrar ter uma fé inabalável, ou não se exporia aos atiradores e outros maníacos recusando-se a andar dentro de Papa-Mobil, tem-se mostrado um ser humano detentor de nobres princípios, actos genuínos e mostra um conjunto conciso de objectivos claros em prol da pacificação e igualdade.
Falando curto e grosso - É um gajo sem merdas!
Não sou religiosa, considero-me agnóstica (não confundir com ateia), mas tendo em conta que a Igreja possui tamanha influência no mundo, ao menos que seja liderada por alguém decente.

E agora outras realezas.
A 22 de Junho nasce o menino real, filho do principe William e Kate Middleton.
Não terei sido, com certeza, a única a ter vivido emoções mistas com este acontecimento.
Por um lado é uma criança que nasce, o que é sempre emocionante. Além de ser um menino que pertence a uma linhagem real antiga e, portanto, com uma qualquer aura mágica à sua volta.
Filho de duas criaturas simpáticas e bonitas. Com mais ou menos ouro a debruar os seus bidés, são, sim, figuras simpáticas! E digam o que disserem, a família real inglesa foi sempre um poço de emoções. Não só alimentam alguns contos de fadas (o que eu acho ser importante), como também rendem milhões em canecas, almofadas e naperons com suas caras estampadas a muitos comerciantes. E antes uma novela real que as da televisão.
Por outro lado é uma criança que nasce, como qualquer outra, e que já tem direito a mais holofotes e faqueiros com diamantes incrustados que os que eu terei mesmo que vivesse 500 anos, valha o que valer. E quando digo 'eu', refiro-me a qualquer outro comum mortal. É tudo um pouco demais. Mas se até eu falo nele, é porque tinha de ser.

Passando a coisas realmente maravilhosas: Malala Yousafzai ganha o prémio Sakharov pela liberdade de pensamento no Parlamento Europeu. Com apenas 16 anos esta miúda paquistanesa, contra tudo e todos, expôs os seus ideias activistas, reclamando e promovendo o direito à educação para as mulheres num país onde estas não tem direito a quase nada. Sobreviveu a um ataque Taliban e ainda assim continuou na demanda pela igualdade. É também de louvar o pai de Malala que sempre se apresenta ao seu lado como seu máximo seguidor.
Se isto não é coragem e garra... digam-me o que é. Malala, és a maior, e mereces todos os prémios do mundo.

Falando de casos insólitos.
Este ano foi o ano do ... como é mesmo? Harlem Shake!
Estive a 'googlar' e descobri que o Harlem Shake já é antigo. Teve como origem Nova York, nos anos 80, mas com influencias africanas. Actividade de movimentos orgânicos (para não dizer loucos), similares a animais em histeria, tornando-se realmente popular com uma música lançada este ano com o mesmo nome. E de repente fomos invadidos por inúmeros vídeos de gente em transe, com cabeças de porco, burros, em cuecas, a dançar em cima de impressoras ou balcões de cafés. Enfim, um soltar de endorfinas, adrenalinas ou outra coisa qualquer acabada em 'inas'.
E acho bem, acho bem que, volta e meia, o pessoal se dispa de preconceitos, desça dos saltos, tire as máscaras e.... soltem a franga!
Já dizia Jack Kerouac - "As únicas pessoas autênticas são as loucas, as únicas pessoas que me interessam são as loucas, aquelas que estão loucas por viver, loucas por falar, loucas por serem salvas; as que desejam tudo ao mesmo tempo. As que nunca bocejam ou dizem algo desinteressante, mas que queimam e brilham, brilham, brilham como luminosos fogos de artifícios cruzando o céu."
No entanto, o Harlem Shake será sempre apenas uma ilustração fraca comparado com esta citação.

Outro caso não tão insólito assim (só para mim o é) foi o subir inexorável aos céus dos 'One Direction'.
Desculpem, miúdos, a culpa não é vossa. A música também nem é assim tão má. Mas o que me chateia realmente é saber que estão onde estão porque são uns putos giros e pouco mais.
O que se passa na cabeça de milhares de adolescentes para idolatrar gajos que não conhecem de lado nenhum, só porque têm os dentes todos, uns quantos músculos e se tornaram famosos? Olhem antes para o vosso colega de turma, aquele que está interessado em vocês e até é 'fofo', em vez de perderem tempo e as cordas vocais a berrar por perfeitos desconhecidos.
Seja como for, boa sorte para os 'chavalos'. E parabéns!

E por falar nos 'One Direction', deixem-me falar da Miley Cyrus.
Este ano também foi o ano 'Miley Cyrus'. A rapariga canta que se farta, e a rapariga também já tem idade e estaleca suficiente para saber o que faz. Não sou especial fã do tique 'linguinhas', acho mesmo que é desnecessário, mas se ela quer ser mais uma Pop Sexy Porn Star, deixem-na ser. Não estaria a ser justa invocando Malala e sua demanda pela liberdade de expressão se julgasse, logo a seguir, a Miley.
Mas é claro que muitas outras questões se levantam. E uma delas é a 'pornografização' (esta palavra não existe...diz-me o nazzi do corrector automático) da figura feminina.
Andamos a ver demasiadas gajas nuas ou semi-nuas, com muito ou pouco talento - isso já quase não faz diferença - e isso chateia. Estão em todo o lado: nos video-clips, nos anúncios de carros, telemóveis, maquinas de lavar, etc. E o pior é que nem são realmente elas, estão todas editadas ao gosto de um mercado surrealista que busca por uma perfeição apenas conseguida a bisturi.
Mas há uma coisa boa no meio disto tudo - Saberão quão bom é o produto dependendo das quantidade de mulheres esbeltas que aparecem neles. Se não aparecer nenhuma, é excelente. Se aparecerem duas, é mediocre. Porque só quem acredita no seu produto não sente necessidade de recorrer a clichés tipo...gajas!

Passando à frente.... Estava quase a atrever-me a falar da austeridade e da Troika. Mas tenho que ser humilde e dizer que não percebo nada. Quanto mais falam, menos eu percebo. Só sei que andam por aí uns gansos muito gordos a papar do prato dos outros. Que anda por aí uma mafia armada em esperta a aproveitar-se da desgraça alheia, oferecendo estágios não remunerados ou dizendo "Empreende ou morre!". E se eu quiser apenas trabalhar e não empreender? E se eu não tiver nenhuma ideia brilhante ou não conseguir nenhum empréstimo para levar avante uma tal ideia brilhante? Morro, né?
Mas deixem-me salvaguardar aqui aqueles que estão realmente a passar por dificuldades extremas, que não é o meu caso, e dizer àqueles que até têm carrinho no próprio nome e ainda assim se queixam: vão-se %&;$&;%...! Enfim!
Porque o Colombo estava cheio! Ah, pois estava! Mas depois queixam-se e nem sequer emprestam 10 euros ao amigo bêbedo para um taxi.
Não quero, nem por sombras, desculpar a corrupção que nos assola. Não quero desculpar ministros e secretários de estado, mais novos que eu, que estão a ganhar salários de 4 e 5 dígitos des-merecidamente, mas também não vou desculpar o pessoal que chora baba-e-ranho porque não pôde comprar o novo iPhone ou avançar na compra de um Porsche.

A raiva do último parágrafo fez-me pensar nas pessoas que morreram este ano. Porque... o que será mais importante que a vida, afinal de contas?
Muita gente morreu em fogos este Verão. Jovens corajosos, outros mais graúdos. Também fica a tristeza pela natureza feita em cinzas.
Do alto da minha ignorância, pergunto - Será assim tão complicado manter um terreno não-tão-vasto-assim livre de tais incidentes?
Fogos postos, gente louca sedenta de avarias, fogos naturalmente nascidos por falta de cuidados, etc.
E porque vão os mais novos para as linhas de fogo? Porque vão os mais inexperientes para os incêndios mais indomáveis? Porque são mais aventurosos, porque são mais fortes? Onde estão os 'capitães' quando isto acontece? A olhar de longe e a bater palminhas? Por favor, não ponham gente de 20 anos em fronteiras desconhecidas...
E quanto aos que ateiam os próprios fogos, um conselho: incendeiam a própria casa, sem ninguém dentro, e depois ponham no Facebook. Mas só nesse caso. Eu dou 'like'! Obrigada.

E quanto a celebridades que faleceram, temos várias. Mas vou-me resumir.
Alexandre Abrão, mais conhecido por Chorão ou Charlie Brown. Compositor e cantor brasileiro. E dos bons. Não se safou, qual Amy Winehouse, a vícios e depressões.
Paul Walker, num acidente de carro. Não era grande actor, acho que todos concordamos nesse ponto. Era muito bonito, acho que todos concordamos nesse ponto também.
Nem sei o que é mais irónico, se o facto de se chamar Walker e ter morrido num carro, se o facto de se chamar Walker e estar sóbrio no momento do acidente, se o facto de ter sido sempre conhecido pelos filmes de carros e ter morrido num. Mas é triste, apesar do humor negro, desculpem lá.
É natural que as pessoas se exaltem com a morte de alguém célebre, fosse qual fosse o seu talento. Não os conhecemos pessoalmente, mas conhecemos de alguma forma. Mas há quem se rebele contra manifestações de pêsames.
Eu tenho uma razão para ficar triste com tais acontecimentos: faz-me pensar em todos os outros que morreram anonimamente e em tão tenra idade. Os célebres servem apenas de marco, de memorando.

E como não podia faltar, Nelson Mandela.
Não, não fiquei triste com a morte de Nelson Mandela. E por várias razões.
Um homem que morre com uns belos 95 anos, deixando para trás de si lutas e batalhas ganhas, 'medalhas' de mérito e todo um mundo em celebração pelo homem que foi, não pode deixar-nos tristes. E o povo africano deixou-o bem claro, dançando e cantando, pela vida e não pela morte. Porque ninguém é eterno, ninguém vive para sempre, e Mandela viveu...e deixou uma herança fabulosa.

Vamos agora da África do Sul para a Coreia do Norte.
Este é um dos países mais falados do momento e é igualmente um dos mais odiados. A Coreia Do Norte é um país distante e desconhecido para a maior parte de nós, mas todos queremos saber o que vai na cabeça daqueles senhores… Ou não queremos? Eu nem sei se quero.
A Coreia do Norte, segundo a organização 'Repórteres Sem Fronteiras', é o único país do mundo onde o acesso `a Internet é inteiramente proibido, sendo somente autorizada a alguns participantes da elite do governo norte-coreano, fazendo a Coreia do Norte um dos países mais isolados do mundo, limitando a população o acesso à informação externa.
Isto talvez explique a fácil lavagem cerebral que o ditador Kim Jong-Il faz no seu povo. Andam às trombadas com a Coreia do Sul e sempre com ameaças aos Estados Unidos, e sei la mais quem. Acho que sao tipos que tem medo ate' da propria sombra.
Nestes casos eu costumo pensar no 'tratado de Tordesilhas', isto é, dividir o mundo em dois. A Coreia do Norte pode ficar isolada num dos lados, o resto do mundo do outro. Haja paciência para tanta loucura!

Mas também temos a Síria.
1,1 milhão de crianças sírias estão refugiadas tendo tido de abandonar a escola. O número de refugiados corresponde a 52% no total. 385 mil foram para o Líbano, 294 mil para a Turquia, 291 para a Jordânia e 77 mil para o Iraque. Outras foram para o Egipto e o norte da África. (fonte Wikipedia)
Nós cá também queremos mudança de governo, mas folgo em saber que não precisámos, ainda, de começar a explodir bombas e a atacar louca e desordeiramente. Outros senhores que ninguém entende.

Para terminar e num nada a ver com o resto: Portugal finalmente decidiu criar uma lei que penaliza quem mal trata animais. Finalmente!
Só não sei em que termos ficam as touradas. Serão consideradas ou nem por isso? Ou continuarão nostalgicamente a falar em 'tradição'? Eu digo-vos: já houve muitas tradições bárbaras, género Inquisição e coisas que tais, que foram abolidas e não deixam saudade alguma. Embora não tenha estado lá.
E já agora, os teste feitos em animais? E os viveiros que são mais 'morteiros' onde são mantidos animais para consumo, em agonia, até serem finalmente mortos? Também serão considerados?
Eu sou uma reles consumidora de carne, em vias de me tornar vegetariana, mas a custo (...talvez porque acredito na cadeira alimentar...) mas maus-tratos desnecessários a animais não me regozijam nem um pouco. É que até um leão quando caça uma zebra, tem o instinto de a matar em poucos segundos, sufocando-a. Não por sentimento, talvez mais por logística: é mais rápido, dá menos luta!
Mas nós não somos animais irracionais, somos?

Haverá muitas mais coisas, mas estas foram as que me tocaram mais ou me chamaram mais à atenção.
Espero que tenham gostado do meu Ano em Revista...e para o ano... há mais!

Feliz 2014



terça-feira, 29 de outubro de 2013

O texto mais lamechas de sempre


Hoje apeteceu-me escrever algo mais lamechas. Mas tenho a nítida sensação que vou acabar por desconstruir a 'lamechice', não fugindo à minha natureza sarcástica e petulante que a tantos irrita, portanto não desistam já à segunda linha (dou-me conta que já comecei a fazê-lo sem realmente querê-lo, mas eu dou-lhe no freestyle).

Será que vou estar a repetir-me? Se calhar sim. Mas acho mesmo que nunca escrevi sobre isto - paixões!
Se é um déjà-vu... deixá-lo ser!

Ora bem, paixões... e o que nos leva a elas...
Adoraria ser um Oscar Wilde (tirando a parte da cirrose) e ser tão brutalmente realista e sábia como ele quando descrevia as suas personagens e explicava o que elas sentiam e porque sentiam o que sentiam. Mas não sou o Oscar Wilde. Não sou esse gajo, sou a Ana Luelmo.

A primeira pergunta que faço é a seguinte - Porquê que nos apaixonamos?

Os mais clínicos e frios dirão que nos apaixonamos quando estamos descentrados, talvez até deprimidos e, como consequência, sentimos a necessidade, ainda que inconsciente, de buscar alegria e excitação no outro. A nossa vida é miserável, sentimo-nos vazios e incompletos, a nossa auto-estima está feita em frang'alhos e é então com uma paixão que reanimamos o sentido das nossas vidas. E pensam eles que nós (os outros) gostamos de pensar que tanta chatice afinal até teve uma razão de ser - foi para melhor saborear aquele momento! Ou não saberiamos distinguir o doce, sem termos conhecido o amargo!
Mas eles continuarão a insistir que estás deprimido. Que não estás apaixonado, estás é doente. No entanto são normalmente tipos de poucos sorrisos e chateados com a vida. Mas recusam-se a procurar a solução numa relação, pois isso não é de gente inteligente!

- Sim, eu já sei porque nasci e porque estive este tempo todo sozinha/o e largada/o à bicharada, era porque estava à espera do amor da minha vida! - que regra geral acaba à chapada, mas não deixa de ser o amor da nossa vida, pelo menos por uns tempos. E aí vêm os bastardos dos clínicos e frios e dizem:
- Eu estou a avisar-te. Estás a tentar resolver a tua miséria com fita-cola e isso vai dar merda. Olha, eu estou tão bem assim, sem ninguém para me chatear o juízo - dizem sem mostrar qualquer tipo de emoção.

Os mais românticos acreditam em.... romance. E posto isto é vulgar dizerem que nos apaixonamos porque não há realmente sentido algum na vida sem que aconteçam eventos como esse. Roçam o enjoativo e são fãs incondicionais da Disney. E ainda que, uma vez mais, acabe tudo à chapada, continuam a insistir que tudo teve um propósito e que ele ou ela vão acabar por voltar. E se não voltam, estarão a desistir da única oportunidade na vida que terão de viver um grande amor 'forever and ever'.

- Vê-se nitidamente que foram feitos um para o outro. Dão-se tão bem. Que bonito! Que romântico! Isso nunca vai acabar!
Ups, acabou.
- Mas ele/ela está confuso/a, vai voltar, tenho a certeza. Algo tão bonito não pode acabar!

O problema destes tipos é que acabam por resumir a tua vida a uma única pessoa e arrasam com qualquer hipótese de encontrarmos alguém novo. Tens de ficar por ali mesmo, senão vais ficar sozinho para sempre. E quando arranjas alguém novo, ficam super contentes, ou não adorariam eles um bom romance, mas volta e meia tocam no nome do 'falecido', só para que não te esqueças de onde vieste.

O pessoal do karma e do destino avisa-nos que qualquer pessoa que passe pelas nossa vidas tem o propósito de nos ensinar algo novo e de nos transmitir uma mensagem. Uns vieram para suprir uma necessidade, outros apareceram para conhecermos melhor a nós mesmos e outros para nos dar lições de vida que ficarão connosco para o resto das mesmas. E que (esta confesso que me 'enerva os nervos'), normalmente nada dura para sempre num sentido prático, mas que, de um ponto de vista espiritual, tudo dura para sempre visto que as as necessidades a suprir foram satisfeitas, as referências deixadas e as lições de vida bem entregues.
Onde está o elefante aqui? O elefante é bem visível. É que normalmente as necessidades não foram totalmente supridas, já que se és romântico ou estás é deprimido, vais querer ficar com aquele pessoa para sempre. E não só não te conheceste melhor, como estás ainda mais confuso, porque acabas de vender a alma ao diabo. Aqui é o meu lado mais clínico a falar.

Depois há os que dizem que é tudo obra do acaso. Que não só o mundo e a humanidade surgiram de um peido espacial, mas como toda e qualquer coisa que aconteça nas nossas vidas acontece de forma aleatória. Se te enrolaste com determinada pessoa foi porque naquele momento te apeteceu e por acaso foste correspondido, mas ninguém escreveu qualquer linha num qualquer livro sagrado sobre tal situação. Resumem tudo a uma total insignificância, retirando qualquer brilho à existência humana e ao acontecimento 'amor'. E o mais provável é que acabes sozinho atirado num lar da terceira idade, porque amor é uma invenção humana que perseguimos enquanto somos jovens e estúpidos e não entendemos ainda que andamos a perder tempo a querer ser mais que um simples peido espacial.

Os tipos da teoria da incerteza são, claro está, aqueles que não conseguem escolher apenas uma hipótese e andam às cabeçadas na parede. E entre cada cabeçada, ora escolhem uma, ora escolhem outra. Até que finalmente voltam a resumir-se à eterna incerteza. Eu estou nesta lista.

Segunda pergunta - Porque nos apaixonamos por determinadas pessoas, mais certas ou menos certas, e por outras não?

Isto acontece de facto. Andamos à procura de um certo estereótipo e acabamos encantados com o seu oposto. Ou então encontramos o tal estereótipo e vivemos uma cena altamente, mas mais tarde, finda a história com o primeiro, não conseguimos sentir o mesmo com outra pessoa até sobejamente semelhante à última.
- Mas têm tantas coisas em comum, porque não consigo amar da mesma forma?

Os clínicos - Porque não consegues fazer uma simples transferência de sentimentos de uma pessoa para outra. Mas chamamos a isso vulgarmente de obsessão. Estás doente, vai-te tratar.

Os românticos - Porque aquela pessoa é o amor da tua vida! Ninguém poderá substituí-la!

Os karmicos - Obviamente porque agora tens de passar a uma fase seguinte, aceita que não amarás esta pessoa da mesma forma que amaste a outra, mas se ela está na tua vida é porque tem algo a acrescentar-te. Let it flow, sister! (corações)

Os do acaso - Whatever...

Os da incerteza - Não sei!! Arggghhh!!! Serão as feromonas que são compatíveis com uns e com outros não? Eu voto nas feromonas!

E como eu me incluo nos gajos da teoria da incerteza, eu também voto nas feromonas. E porque votam os gajos da incerteza nas feromonas se eles não têm a certeza de nada? Exactamente porque não sabem nada sobre feromonas e daí a soar-lhes bastante lógico. Quanto menos souberem sobre o assunto, mais margem têm para se sentirem finalmente com alguma certeza, o que é uma lufada de ar fresco.

Mas qualquer uma das teorias acima descritas pode também explicar os casos em que nos apaixonamos por pessoas completamente inesperadas, aquelas que riscam quase todos os items que tínhamos previamente escrito na lista "A pessoa ideal".
Ou porque estamos desesperados e como a pessoa ideal não aparece, caimos de amores pelo tal inesperado ser; Ou porque o romance é vital e insistimos em apaixonarmo-nos só porque a pessoa tem um andar engraçado que a torna incrivelmente especial; Ou porque fomos destinados a cruzarmo-nos com esta pessoa e sentir o que sentimos porque temos algo a aprender com ela; Ou porque WHATEVER, acontece porque sim e 'tou-me nas tintas; Ou porque 'Não sei, mas a cena das feromonas tem algo que se lhe diga!'.

Em todo o caso, seja demência, seja destino, sejam as feromónas...creio que (quase) todos concordamos que é óptimo estar apaixonado.

P.S. Isto não é uma subtil declaração de amor para alguém. Isto são apenas explosões de ideias. Até porque se isto fosse uma declaração de amor, estava bem amanhada, já que poucas gotas de romance escorrem entre estas linhas.


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Empreendedorismo! Porque gosto de palavras difíceis!

Tendo lido há poucas horas um texto sobre o empreendedorismo em Portugal, ou melhor, o empreendedorismo-metido-a-pés-juntos-que-vai-direito-à-barra (de Luhuna Carvalho, em 5dias.wordpress.com), fiquei com aquela coceira desgraçada de dar também eu a minha opinião (cá está um pleonasmo aceitável, Dalila...!). Mas não sobre o texto de Luhuna, que vale a pena ler, mas sobre o tal do 'empreendedorismo'. 
A sensação que eu tenho, e não é recente, é de que nos tentam impingir a ideia de que temos de apresentar um producto, a qualquer custo, que seja vendível e dê lucro. Porque os nossos reizinhos (com letra bem pequena) deram agora numa de nos dar lições de moral, com rápidas passagens nos capítulos de marketing 'as known as' sobrevivência, já que não pretendem largar os seus ossos de valor incalculável nem criar novos postos de trabalho.
E quase nos fazem acreditar que em pouco tempo somos lançados nas luzes da ribalta, como jovens ambiciosos e criativos, sob os holofotes dos nossos 5 minutos de fama, dando o exemplo a todos os outros milhares de criaturas que não tiveram ideias tão 'brilhantes'. Que coisa mais egóica. 


Mas a questão está no que realmente é brilhante ou não. Como refere Luhuna e bem, se o producto se baseia em rolos de papel higiénico coloridos (não vale a pena mencionar a marca), onde está realmente o brilhantismo da coisa? Naturalmente que já criámos muitas coisas úteis e até diria brilhantes, mas de há uns tempos para cá, na euforia de mostrar serviço, têm aparecido, com a mesma velocidade que desaparecem, negócios ou produtos que nem ao menino Jesus interessa.
Estive a pensar seriamente se devia referir ou não aquele producto criado por quem-já-nem-do-nome-me-lembro, apresentado em horário nobre e com o aval de Cavaco Silva (algo que misturava nutella com compota: "basta apenas carregar num botão"). Mas já que não me lembro nem do nome da moça nem do nome da engenhoca, tanto me faz. 
A verdade é que me pareceu ser mais um objecto obsoleto, não querendo desfazer o talento criativo dos seus autores, que não introduz nada de realmente inovador no mercado. Ou se é inovador, pouco me anima. Pelo menos não me vieram as lágrimas aos olhos, nem me deu uma nova e resfrescante visão da vida. Porque me animaria a mim um objecto que juntando dois ingredientes e que pressionando o dito botão me dê em porções iguais os ditos..e voilá! tenho uma torrada com Nutella e compota....? Isso para mim tem outro nome: inércia! ---> Não querer pegar na porra da Nutella e na porra da compota e não querer sujar duas faquinhas que barrarão a porra da torrada. E consequentemente, não querer lavar a porra das faquinhas.
Claro que a cada novo producto inventado, mais postos de trabalho surgem... Mas até quando? Porque não me parece que o spread-it (lembrei-me do nome!) vá fazer grande sucesso.
Okay, a vida não vai realmente mudar muito com esse objecto, só a a tornará um pouco mais inútil. Mais ainda. 

Mas a culpa não é dos jovens criadores (ou talvez seja um pouquinho... espera lá, que sois já todos bem adultos!), mas dos que tentam, sem prévias e razoáveis instrucções, lançar-nos no 'empreendedorismo'. 
- Vá, faz qualquer coisa.... Mesmo que tenha pouca utilidade. O que interessa é que venda! Porque eu cá já tenho a minha galinha dos ovos-d'oiro. 

Hoje, em conversa com a minha mãe, após ver uma reportagem sobre jovens empreendedores portugueses que, atirem-se foguetes ao céu e joguem-se vocês mesmos ao chão, conseguiram integrar a equipa da 'Jimmy Choo Shoes' graças à sua criatividade e audácia (só no final referiram que se tratou de um estágio e sabe Deus onde pára agora a tal equipa brilhante de jovens criativos) :

- Devias fazer coisas assim! E estarias hoje a trabalhar também na 'Jimmy shoes' ou algo semelhante...
- Mãe... mas eu não vejo inovação em fazer sapatos, por muito belos designs que ostentem, se continuarem a usar materiais pouco amigos dos ambiente. Se eu criar algo terá de ser ambientalmente sustentável. Se não for, prefiro ficar quieta.
- Mas porquê?
- Porque não quero, pague o preço que pagar, contribuir para a acumulação de objectos/resíduos no planeta. Mas que os sapatos são bonitos, isso são...
- Então faz algo ambientalmente sustentável! 
- Sim... Mas dá-me tempo. Sou um génio da lâmpada apagada, por enquanto.

Porque integrar uma equipa de uma marca supra-conhecida é mega empreendedor? Não... é só uma escalada social que, ainda não sendo fácil e parabéns aos que lá chegaram, pouco me diz. Porque sapatos há muitos, seu palerma!

E nisto chegamos ao ponto fulcral da mensagem. Se queremos fazer carreira e ganhar um bom dinheiro para pagar a renda e a Internet mais-rápida-que-a-própria-luz, okay, atirem-se na criação de 'trancaria' que o público certamente comprará.
Mas se o que queremos não é apenas ganhar um bom dinheiro para pagar as contas, mas sim contribuir com algo realmente positivo, comam com a austeridade porque ela não vos avalia os valores e éticas e continuaremos a ser explorados e espezinhados em call-centers e afins, sob a chefia de imbecis que nem escrever sabem... Mas no dia em que vos sair uma ideia visionária que não só vos trará dinheiro, mas também reconhecimento merecido, então aí terão um lugar nas enciclopédias. Ou melhor ainda, realização pessoal!


Fico pouco emocionada com a projecção mediática de jovens que, coitados, tiveram que criar alguma coisa mais-ou-menos interessante para que eles mesmos pudessem não apenas comprar a Nutella, mas inclusivé o pão para fazer as torradas. Fico, sim, impressionada com a falta de um alinhamento inteligente e visionário (e não me imaginem em grupos 'shanti-shanti' em adoração ao astro sol, ainda que mal nenhum veja nisso: não misturemos religiões com factos há muito por assimilar....e um deles é a sustentabilidade), que nos ensine não só a empreender para ganhar dinheiro, mas que igualmente nos ensine a empreender no caminho certo.
E não falo apenas da sustentabilidade natural de um planeta já demasiado carregado de esterco, mas também da sustentabilidade e estabilidade dos próprios empreendimentos que, ainda que sejam bons, não têm mercado que os mantenha vivos. Essa parte está também a escapar. Porque nos incentivam tanto a abrir negócios se a população não pode investir neles? Quem é que vai comprar o Spread-it (valha-nos a Santa Sé, que nome...) se nem dinheiro há para mandar cantar o cego?


Cortem lá o que quiserem. Cortem lá as pensões de viuvez, cortem lá os subsídios de invalidez. Mas não tentem cortar a inteligência da minha geração. Já que não cortam os próprios pulsos. 



sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Aos meus pacientes votantes!

Senti necessidade de fazer uma pequena declaração. E esta declaração tem vários objectivos.
E como tenho como virtude/defeito a franqueza, clara serei.

Primeiro, com o objectivo de agradecer a quem votou e vota diariamente (refiro-me até àqueles que não gostaram do video, mas ainda assim -'Pimbas, toma lá outro voto'), e com o objectivo de fazer chegar àqueles que mal ou nada me conhecem as razões que me levaram a enfrentar uma camara e fazer o video que fiz.
Sim, é que eu estou habituada a estar atrás das camaras, sou muito boa com botõezinhos, máquinas e softwares, mas péssima no spotlight! Nunca sonhei estrelar nos Morangos com Açucar. Mas gosto, sim, de fazer bonequinhos em After Effects... escrever lençóis de textos... e viajar.

A verdade é que desde que terminei os meus estudos (em 2010) que tenho tido trabalhecos (nhecos nhecos) de pouca duração e que muito pouco têm a ver com a minha vocação. Posto isto, qualquer licenciatura ou mestrado de pouco me têm valido. OU de nada me têm valido.
Não tenho emprego. Ou pelo menos um que seja pago! Porque se considerarmos mandar 100 curriculos por dia um emprego... então eu estou em pleno full-time com várias horas extras, mas não remunerado! Mas também podemos considerar o estar em casa da mãe e ter comida na mesa "à borla" como uma remuneração. Também é válido. Obrigada, mãe!

- Mas porque foi a miuda por-se a competir nesta coisa?
- Ah, porque é uma chavala mega nice, super easygoing, que gosta imenso de viajar e não tem mais nada que fazer...
- Oh, porque gosta de aparecer... na verdade quer é entrar nas novelas da TVI.
-Porque é mega cool participar nestas cenas e pedir likes aos amigos...

NÃO!
A resposta é simples..
Eu já apanhei morangos, eu já servi às mesas, eu até já limpei casas-de-banho. E sem preconceitos 'bestas' porque por acaso gostei de trabalhar no campo, por acaso até gostei de servir às mesas e.... limpar casas de banho....bah... já o faço em minha casa há muitos anos. Alguém tem de o fazer. Mas neste momento não tenho nem morangos a apanhar nem casas-de-banho a limpar... E muito menos ouso sonhar com um emprego na minha área (é quase uma blasfémia..)

E o que faz uma miuda de 27 anos em casa a olhar pela janela senão perguntar-se:
-O que vou fazer amanhã?
- Nada. Enviar Cvs, beber uns quantos cafés enquanto tento impingir o meu video a mais uns quantos desgraçados... e esperar pelo dia seguinte.

Será (talvez) uma tortura para vocês, mas mais torturante o é para mim.
E para finalizar... o último objectivo deste texto é mesmo... conseguir mais votos. Para me pôr a andar d'aqui pra fora, para fazer algo util com a minha vida e com a dos outros, para continuar a viver e a acreditar nessa vida que todos temos.
Ainda que todos os outros concorrentes o mereçam igualmente... Neste jogo de 'são os audazes que vencem', quero ser eu a vencedora.

Obrigada.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Perspectivas

As várias ideias que surgem de uma mesma coisa:

- Sou portuguesa e estou na apanha do morango.

1 espanhol
- Pois, Espanha e Portugal estão a passar por momentos terríveis.. agora precisamos de nos adaptar a novas carreiras! Como apanhar morangos, não é?
Agora que estamos ambos na merda, já vos podemos tratar como iguais, ora dá cá um abraço! E desculpa lá aquela cena dos Filipes e das invasões... o pessoal estava aborrecido.. foi só uma brincadeira, pa.

1 francês
- Portuguesa? A minha porteira é portuguesa. Mas agora tenho de ir ali... enfiar-me no meu quarto durante horas e não falar com ninguém. Ah, e essa loiça toda que eu usei, não fui eu que sujei. 'Tá? E se ficares sem sinal de internet durante várias horas, a culpa também não é minha.. não sei o que se passa, só o meu computador o apanha. Au revoir!

1 alemão
-  A apanha do morango requer uma técnica especial e um treino intensivo até se conseguir uma boa colheita. Mas vocês latinos são uns preguiçosos. Não admira que estejam como estão. Desordeiros! Diz-me lá, quantas vezes passaste à frente de alguém na fila para a casa-de-banho? Inadmissível!

1 Inglês
- Ooohhh, eu adoro Portugal! Albufeira! Albufeira! Wow, such a nice place, had so much fun... Love it!
É a capital, não é? E morangos!? Morangosca! Love it!

1 bulgaro
- 'Tá bem, mas não penses que vens p'raqui roubar vagas de trabalho aos meus primos. Aliás, estão 20 a caminho.

1 romeno
- Quanto é que se ganha lá em Portugal? E quanto pagas de renda? Tens mãe? Ah, e falam espanhol, não é? Achas que dá para entrar sem visto? Ah, e já agora... olha só ali pró céu, 'tá tão bonito... é porque por acaso eu estava interessado em ver o que tinhas nos bolsos.

1 brasileiro
- Que legaaaal! Meu tetravô era português, de Trás-os-Montes, e ele apanhava batatas! Muito legal, isso, velho, a gente se conectando com a terra... com a graça de Jesus.. E Nossa Senhora de Fátima.

1 marroquino
- És portuguesa e então? Lá porque eu sou marroquino, não quer dizer que sejas melhor que eu! Tão sempre a tentar por-nos para baixo! Olha, olha, lá porque sou marroquino... e então? E ..e...e... é só gays... nesses vossos paises! Onde já se viu isso?! E..e ...e.. a apanha do morango.. pois, é porque andam a por-se a jeito, é o que é! Heresias!

1 russo
- Vodka?

1 americano
- Não faço ideia onde fica o teu país. E como é isso de apanhar morangos? Vais ao supermercado e apanhas o que lá houver?

(qualquer parágrafo contido neste texto é pura ficção e sem intenção de ferir susceptibilidades.)

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Posso fazer alguma coisa para ajudar?

Não.

Há precisamente nove Agostos atrás soube que a definição de 'garantia' só se aplica à morte. Só ela está garantida. Garante-se a si mesma, mas tão pouco nos diz quando chega. Só se sabe que chega.
Dar por garantida a vida e os anos que nos aguardam é um sonho. Dar por garantida a companhia de quem gostamos até ao nosso próprio termo final é um sonho.

Há nove anos atrás também soube que aquilo que albergamos no coração é, muitas vezes, maior ainda do que pensavamos que fosse. Amor. Tão grande. 
- Vá lá, eu até prefiro nunca mais te ver, mas saber-te vivo e feliz. Vá lá, sobrevive, vive. Apenas isso.
Quero que vás para bem longe, que vás para a Austrália!, que nos zanguemos, que deixemos de falar, que se azede a nossa amizade. Não quero saber. Vá lá, sobrevive, vive. Apenas isso. Saber-te vivo e feliz... Apenas isso. 

Soube também que afinal ainda sabia rezar as Avé Marias e os Pais Nossos todos. Descobri que na situação mais extrema, de pânico e dor, qualquer ateu vira crente. Que qualquer besta vira mansa. Que tudo o que valorizamos, deixa de ter valor. E tudo o que desvalorizamos, ganha um valor imenso.

Que raio é isto? De ter de te ver desacordado, ligado a uma máquina para respirares, essa máquina que não são os teus pulmões, essa máquina que não é mais o teu coração? Onde estás? 

Soube também que o mundo desaparece. O mundo que conhecemos desaparece. Uma construção que implode. As pessoas que estão à nossa volta tornam-se invisíveis, os sons tornam-se mudos, as cores tornam-se turvas. O tempo estanca. O espaço... nem sei se existe. 
Mas que o coração que bate, tão forte, ele sim é real. E queremos arrancá-lo. 
Tê-lo-ia arrancado e tê-lo-ia dado a ti. 

Como se pode ser tão generoso, afinal? Eu ter-te-ia dado o meu coração, para que vivesses, mas depois ficava eu sem ele. Não faz sentido. Então depois eu não já não viveria mais e não poderia ver-te viver outra vez...
Mas não se pensa nisso, não há lógica nem razão no amor. É talvez a coisa mais ilógica de sempre, mas a única coisa que nos sustém.

Porém...talvez a morte não seja uma coisa triste. Somos nós que valorizamos demais a vida. Porque não conhecemos outros limites fora deste quadrado. 

Passados nove anos, saltam imagens de coisas que fizemos, aparecem conversas que tivemos e até as que não tivemos. Recrio momentos que nunca aconteceram, entre aqueles que realmente aconteceram.
Acho que ainda me lembro da tua voz, mas não tenho a certeza. Acho que sei como serias hoje, mas também não sei ao certo. Talvez tivesses mesmo ido para a Austrália e talvez nunca mais nos tivessemos falado. 
Não sei porquê desejei que fosses para a Austrália e que nunca mais nos tivessemos falado. Talvez fosse a penitência que eu estaria disposta a pagar como troca, pela tua vida de volta.

Mas gosto de pensar que continuariamos a ser tão amigos como sempre fomos, que continuaríamos a ir ao cinema à meia-noite, que conversariamos sobre livros e filmes, que falariamos sobre as tuas namoradas e sobre os meus namorados. E que, invariavelmente, me continuarias a roubar o comando da televisão e a deixar a casa-de-banho inundada após cada banho teu. E que, sim, as latas de atum eram todas tuas e mais ninguém devia tocar nelas!

Ainda sonho contigo a brincar com os meus filhos. Filhos esses que nem existem. Mas continuo a imaginar como serias como tio. Ainda continuo a imaginar-te com 50 anos e a imaginar-me a mim com 44, a conversar num alpendre, sobre as estrelas.
E então talvez ainda vivas. Porque a cada memória e a cada imagem imaginada, te tornas real.
Passados nove anos, não pesa mais a tua ausência. Acostumamo-nos a ela. Também já não pesa a memória d'aquele dia. Ele é apenas uma referência, de algo que aconteceu, mas que ficou para trás.
Passados nove anos, a única coisa que pesa é saber que a cada dia que passa, o amor se vai apagando, a emoção ficando aguada, e que o coração que eu te teria dado naquele momento... já aprendeu a viver sem ti. 

Ao meu irmão Filipe Luelmo 





   

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

And what if...

And what if...we could go back in time and change small things? Or even big ones?
My more-mature side has chosen the day I gave the car keys to my brother. Anyway, I am not going to explain the whole story. Half-word is enough. I would have changed that day, I wouldn't have given him those keys.
Second: not so serious, but serious enough, I also have to choose the day I started drinking coca-cola, getting addicted to it. I shouldn't have tried it. Because, Yeah, I am 'cocacoholic', but not very anonymous. I know how much my palate likes it, I am just not so sure about my veins and blood pressure.
And now my more primitive side... I also pick a specific day, when a particular guy, whose the name should not be pronounced, was very arrogant-obnoxious-meanfull-arsehole towards me and instead of breaking his teeth, I acted very maturely just turning my back to him. Oh dear, he was so deserving to lose them. I would love so much to go back and do it! But come here, little boy, we can still 'fix' that! You would be teeth-less but surely more wise now! So you can actually consider it as a gift!

And what if.. we could say, for one day, everything that is stuck in our throats? Without consequences...
Okay, I am going to say it now, so.. there will be consequences, right? Hope not..
My more-serious side would say to the rich people of this country - "What the fuck is wrong with you, guys? Maybe you can not provide jobs to everyone, but you could buy houses to thousands of families that are struggling to pay their fucking rents and barely have food to eat, while you just collect Ferraris in your stupid garage!".
...Well, this is serious...or is it not? I am confused now.
I would also say to this strange-awkward man that sends me cryptic messages every day trying to set a date: "Look, I don't hate you...yet... but you really annoy me. You are such a retarded. I am so sorry, it is not your fault to be a retarded, but it is your fault if you keep annoying me. You are ugly, you stink, you don't even know how to pronounce your own name without stammering. You are 40 and you sound 12. Why would I want to have a date with you? Move on".
But this is so mean that I obviously can not do it for real.
And one more thing. I really wanted to say to these people that make little jokes about me having two dogs, one very big and one very small, that "NO, I am not going to sell you my Spitz, are you fucking nuts? She belongs to the family. That would be abandoning! And what's wrong about the big one? Why don't you try to buy it, too? Because she's too big and you obviously can not handle it? Or is it because it's not so posh? Buy a brain instead!"

And what if... we could do something very radical without running risk of life?
So many things....
I absolutely would drive 200km/h down to Africa, with my two dogs, find a desert (near an oasis) and sleep there for a couple of nights. They would be unleash, they would run like crazy, so as me.
I would swim with whales. I would play with lions. I would jump from cliffs into the ocean. I would climb trees and make friendships with wild monkeys. And all this 'washed down' with red wine.
Just trying to figure out where would be my dogs in meanwhile... well, it doesn't matter... I would find them again, happily tired, because this would be a win-win situation anyway.

And what if... we could say to our friends everything that crosses our mind? Some friends do it and nothing happens, I guess... but it is very rare.
I would say how boring it is when they drag their boyfriends/girlfriends along with them when you just want one night out without those supplements!
I would say as well - "Girl, just stop combing your hair every five minutes, right now! You look like a fool superficial maniac girl. Oh, sorry, you are that...actually!...And...My bag? What's wrong with my bag? Oh, it doesn't match my shoes... that's a sad sad situation, but not as much as your poor poor brain.'
Okay, I have just lost ...errrr... 3 friends right now. UPSY!

And what if .... men could actually understand that they are equally complicated as we are?
That would be the end of the modern world.

And what if... facebook didn't exist??
Ohhhh my GOOODDD.......
Well, something special would happen, I reckon.. I lived without it many years. And I was happier back in those times.
But Chinese don't have it and...still... they are mad as hell!!!
(oh Lord, now I am in a big trouble)

And what if... ?

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Early twenties vs late twenties

Não quero que este texto seja sobre mim ou apenas sobre mim, porque sei que ele não me retrata apenas a mim, mas a todo um conjunto de pessoas.

Vamos deambular sobre as diferenças entre 'early twenties' e 'late twenties' (desculpem, mas não encontro tradução ideal para estas expressões).

Cada idade tem as suas particularidades específicas e raras serão as pessoas que escapam a elas.
Tenho no entanto de fazer o seguinte reparo: as idades são vividas de forma diferente (ou mesmo muito diferente) consoante a cultura e o país onde crescemos. Posto isto, falarei apenas da cultura Ocidental, que é a minha, porque não me sinto no direito nem na propriedade de falar de nenhuma outra.

Todos os jovens da minha idade (os que andam entre os 25 e 30 anos, mais coisa menos coisa), já terão sentido as alteração de humor e de hábitos sobre os quais escreverei, assim que começaram a entrar na fase adulta. Sim, porque eu considero que não se é realmente adulto aos 18, mas um pouco mais tarde.

No inicio da casa dos vinte (ou talvez um pouco antes) é vulgar sentirmos uma certa urgência em estar em todo o lado e a todo o momento. E ainda que isso não seja possível, fazemos os impossíveis para que se concretize. Há uma certa ansiedade no ser-se jovem.
E uma certa esquizofrenia que nos leva a personificar múltiplas personalidades e estilos consoante o momento e o grupo onde nos vemos inseridos. Queremos ir a todos os festivais, sair todos os fins de semana, beber além da conta, fumar 'aquelas cenas' menos recomendáveis, enquanto 'desperdiçamos' tempo em conversas de café que raramente nos levam a parte alguma. Mas o que conta não são os conteúdos, mas sim o estar-se 'lá' e fazer parte do estamos a viver. O sentimento de pertença, o sentimento de partilha e, acima de tudo, aquele sentimento que nos diz que quanto mais pessoas conhecermos e mais sítios frequentarmos, mais activos e produtivos somos.
A parte do activos é sem sombra de dúvidas bastante real, já a parte do produtivos é dúbia. Mas tão pouco interessa, desde que estejamos 'lá'. I love life! It is such an adventure!
Mas quando começamos a passar o quarto de século, mais rapidamente dizemos 'não' a uma saída à noite que a uma bela noite de sono.
Imagino eu que seja por ter-se esgotado o tal 'glamour' que antes víamos em ditas actividades, ou porque já sabemos que estar de ressaca é uma merda. Pior ainda é estar de ressaca e saber que as muitas conversas que tivemos na noite anterior não nos acrescentaram absolutamente nada, senão apenas mais um vírgula aqui e ali que não vai mudar em nada o resto da nossa semana.
E como sabe bem dormir e acordar com a vias respiratórias desobstruídas! Mas também só sabemos o bem que isso sabe depois de perdermos muitas noites em claro e de nos intoxicarmos múltiplas vezes. Portanto, alguma coisa essas vivências nos terão trazido de positivo. Jesus, I love to take a nap...

No início da casa dos vinte também é vulgar sermos arrebatados por paixões assolapadas por pessoas que mal conhecemos e sobra as quais não paramos de pensar durante meses. Normalmente somos arrebatados por uma simples troca de olhares, por um estilo mais arrojado, por uma deixa mais feliz ou simplesmente porque estamos na demanda de encontrar o amor da nossa vida, do príncipe ou princesa encantados e, até provado o contrário, muitos são os potenciais detentores da coroa. Oh Lord, I am so in love with him!
No final dos vintes, mais rápido vamos jantar um naco-na-pedra com a mãe, enquanto não pensamos em outra coisa senão no bem-dito naco-na-pedra que estamos a comer e que sabe maravilhosamente, que ir a um encontro com X pessoa que talvez até tenha algum interessa mais profundo em nós, mas, até prova do contrário, aquece-nos menos que o naco-na-pedra. Oh Lord, I love food!
E isto talvez se dê porque já foi quebrado algures a ilusão de que o amor romântico é perfeito e que, muitas vezes, traz mais chatices do que benefícios.

Quando somos mais jovens coleccionamos amigos e conhecidos. Os amigos são amigos porque sim, os conhecidos igualmente porque sim. E não há nada que saiba melhor que ouvir o telemóvel tocar com a chamada de um qualquer desses amigos e suas inúmeras novidades.
Mais tarde, é um prazer deixá-lo deliberadamente no silêncio porque ainda que haja agora menos probabilidade de receber chamadas, tentamos ainda mais diminuir essa probabilidade e sermos persuadidos a ir a 'tal sítio'...porque só temos vontade de dizer que não e usufruir de uma bela tarde de silêncio, entre livros e canecas de chá.

Este é o momento em que começamos a dar mais valor a momentos passados com os pais, mas também a momentos passados connosco próprios. Queremos continuar a fazer parte do mundo, a ir a festas e a concertos, a ter amigos e partilhar conversas de café, assim como beber uns copos de vez em quando, mas de uma forma mais regrada.
No entanto, continuamos a ser jovens, ainda não empandeiramos os ténis ou os saltos-altos para usufruir da pantufa full-time. Mas já não nos parece tão estranho como antes parecia estar em casa a escrever um texto em plena temporada de festivais.






sábado, 25 de maio de 2013

Bang Bang Bling Bling

Life sometimes is what you want, Life sometimes is nothing of what you wanted.
Life can be an imaginary conception of your mind or Life can be actually something very real. Life is whatever the fuck it is. And it will be, fuck.

Bang Bang on innocent and bling bling for those who manage to get it falling down the sky, undeservedly. But innocent also being happy, criminals also being punished. Life is just what it is.

Karma does not exist. Or yet, yes it does exist. God does not exist or yet, yes, He exists. Everything has space to fit in.
But why do I still write 'He' with a capital letter? Cultural manias, maybe.
The sun spins around earth, NO, earth spins around sun.
We die, or yet, we don't - never. Nothing ends, everything is transformed or yet.. yes, we die and vanish forever.

It will happen whatever the fuck will happen, but it will... fuck.

Common sense, random sense, zero sense. Yes, No, Maybe, come si comme ça, plus ou moins. Today I feel like saying Yes, tomorrow I will feel like saying No, or maybe I will say Maybe. And you will say No even willing to say Yes. Or you will say Yes even willing to say No. Or maybe you will just shut down.

Video Games, Life Games, imaginary games or vivid games. Or no games at all.
Exuberant existences or mediocre existences. You will decide either you are exuberant or mediocre, while I decide if you are right or wrong.

Right and Wrong, Good and Bad, nothing is right, everything is wrong, or yet, nothing is wrong, everything is right or just ci et ça, bla bla bla.

Bla bla bla, the better definition for what Life is - bla bla bla. Bang Bang and Bling Bling, deserving it, not deserving it, willing it or not willing it. Bla bla bla bla..

terça-feira, 21 de maio de 2013

Afinal o que é isto de escrever?

Para minha grande alegria tenho sido bastante elogiada pelo meu blog e pela minha escrita. Algumas críticas também recebo mas regra geral críticas essas a que eu chamo de 'constructivas'.

Ora pois... se eu escrevo sobre determinada coisa e a publico, é normal que algumas pessoas queiram dar a sua opinião relativamente ao tema, concordando ou até mesmo discordando com determinados pontos. Mas é para isso que tenho um blog online e não um diário secreto: é para que haja interacção. E assim vão surgindo conversas e debates acesos que eu aprecio muito.

Aprendo muito com os comentários que me deixam e com as diferentes e variadas visões sobre uma mesma coisa. Ás vezes até conseguem mudar a minha opinião sobre o que acabei de escrever, e isso é também deveras instigante.

Porque ponto número 1: ninguém é obrigado a concordar a tempo inteiro com o que eu escrevo. Isso até seria bastante aborrecido, para não dizer utópico.
Ponto número 2: as minhas visões sobre determinados temas também vão variando com o tempo. Eu não detenho em meu poder verdades absolutas, apenas interpretações. E as interpretações são voláteis.
Ponto número 3: a escrita é para mim mais que um hobby ou gosto pessoal, é uma forma de lançar na mesa temas que eu acho que poderão interessar a quem os ler e em consequência dar uma oportunidade à comunicação.

Mas há uma chamada de atenção em particular da qual já fui alvo algumas vezes e chamada de atenção essa que não consigo realmente entender.
Foi-me dito que eu exponho demasiado o meu pensamento, quase como se estivesse a expor a minha intimidade. E a palavra 'demasiado' implica algo que não está bem.
E a pergunta que me faço é:  será possível não expor os meus pensamentos em textos escritos por mim?

E aqui já não entrarei no mundo das interpretações, mas no mundo dos factos.

Se eles são escritos por mim, é óbvio que estou a expor o meu pensamento. E será óbvio que estarei a expor alguma intimidade, ainda que num patamar mais espiritual/intelectual, porque raras vezes falo sobre a minha vida pessoal embora possa ela estar implícita.
Mas se há alguma coisa que a idade nos traz de bom é alguma sensatez e alguma consciência. Nada do que eu publico é inconsciente e tudo tem um propósito.

Um escritor escreve sobre aquilo que pensa. E um escritor acaba por dar a conhecer aquilo que ele é, ainda que nas entrelinhas. Um escritor expõe o seu pensamento e a sua alma, mesmo aquele que escreve ficção ou romances estará pondo muito de si e da sua vida pessoal nessa história dita fictícia. Porque as ideias vêm do seu íntimo.
Os vários heterónimos de Fernando Pessoa são vistos como personagens fictícias criadas pelo autor, mas raramente entendidas como sendo a mesmíssima pessoa. Mas a pessoa que escrevia foi sempre a mesma. As ideias de Ricardo Reis ou de Alberto Caeiro eram as ideias de Fernando Pessoa. Ele foi sempre só um, apenas mudavam os nomes e a abordagem, mas a mente era uma e única.
E tão aclamado foi e é, ainda que expondo todos os seus pensamentos, uns mais mórbidos, outros menos. Mas foi esse o papel a que se propôs: o da escrita. Uma exposição consciente da sua alma.
E louvado seja ele e todos os escritores. Ainda que não me possa comparar a nenhum deles nem equiparar-me com tamanhos génios.

E um pintor? Que faz ele? Conta-nos histórias através da forma e da cor, mas histórias ou retratos esses que terão sempre algo de si mesmo ou não fosse ele o veículo criativo que o conduzem às suas obras.

E a pergunta mantém-se: como poderei eu não expor os meus pensamentos em textos escritos por mim?
Aquilo que eu concluí após receber a crítica acima descrita, foi que deveria parar de escrever de todo, protegendo-me assim de qualquer pensamento mais ímpio e protegendo-me a mim mesma do mundo que não pode nem deve saber aquilo que eu penso. Mas como não sou bandida nem foragida, não tenho razões para tal.

Naturalmente que terei de expor um pouco mais a minha intimidade agora. Mas sem tabus nem medos.
Se algum dia recorri a conceitos como a morte, e dando como exemplo dados factuais da minha vida pessoal e eventos que experienciei, foi totalmente consciente do que estava a fazer.
E afinal de contas, que me importa a mim (ou antes, que vos importa a vocês) que o mundo fique a saber aquilo que eu acabei de partilhar? Não me caiu nenhum dente por causa disso.

No entanto tento ter cuidado em vários aspectos nos conteúdos que publico. Um deles é o de não rebaixar ou falar mal de pessoas públicas. Já o terei feito, com toda a certeza, mas foram raras as vezes. E as críticas dirigidas a pessoas particulares nunca vêm com os seus nomes associados.
Também tento manter um discurso imparcial no que toca a temas mais sensíveis. Espero nunca ter sido racista, xenófoba, homofóbica ou outra coisa menos digna. Porque de facto não sou nada disso.

Se o problema é, afinal de contas, apenas esse mesmo: o de expor 'demasiado' os meus pensamentos... gostaria que essas pessoas me dissessem quais são os seus autores favoritos e porquê. Depois perguntarei o que sabem elas sobre esses mesmos ditos autores. E provavelmente saberão muita coisa, ou não estivessem eles na prateleira dos favoritos.

O escritor não tem como fugir à sua essência. Umas aparecerão mais encobertas com traços de fantasia e ficção, outras serão mais visíveis, mas a essência estará lá sempre. Para alguém como eu que escreve mais sobre a realidade e sobre eventos de facto ocorridos, é natural que esteja a expor mais a minha personalidade. Mas e daí? Acabo de verificar... continuo com os dentes todos.
Realmente adoraria ser romancista, mas ainda não sinto ter capacidade suficiente para criar uma história com pés e cabeça. Deixo-me por enquanto com o título de cronista. E um cronista... exporá sempre aquilo que pensa, porque se expõe aquilo que não pensa é uma falácia ele mesmo e sua obra não terá qualquer sentido.


terça-feira, 14 de maio de 2013

Da Geração Rasca à geração à rasca

Os meninos e meninas nascidos nas décadas de 80 e 90 foram chamados de geração rasca.
Confesso que fui procurar pelo significado e origem desta expressão e não encontrei grande coisa. Posso portanto apenas fazer a minha interpretação pessoal e dar-lhe eu um significado.

Somos os meninos que cresceram com tudo (ou quase tudo), em famílias de 2 a 4 irmãos, porque ainda era possível ter mais que um filho ou, melhor dizendo, era normal ter-se filhos, ponto.
Somos os meninos que cresceram com bicicletas, leitores de cassetes e cd's, brinquedos playmobil, barbies, casinhas de bonecas e carrinhos telecomandados. Fomos habituados a ver as arvores de Natal a fazer sombra a mais de dez presentes para cada filho e as mesas cheias de comida.
Somos os meninos que puderam frequentar não só o ensino tradicional, mas também ter uma data de outras actividades extra-curriculares - aprender um instrumento musical, fazer um desporto, etc.
Em suma, fomos a geração mal-habituada a um fartote de coisas e como consequência somos a geração que mais expectativas criou em relação ao futuro e que agora entope os consultórios de psiquiatria e acaba com os stocks de anti-depressivos. E isto porque não sabemos como abrir mão das construções mentais que fizemos ao longo dos anos e tudo parece negro se não concretizarmos os nossos sonhos de criança.

Talvez venha daqui a expressão 'geração rasca' - os meninos das mamãs e papás que acordavam cedo para se irem refastelar no sofá a ver desenhos-animados, comendo um bando de porcarias, sem demais preocupações. E as tarefas que nos eram atribuídas eram as de arrumar o quarto, fazer os trabalhos de casa e pouco mais.
Era fácil, no entanto, entrar em espirais de crises existencialistas porque tínhamos tempo de sobra para isso, já que nenhum de nós teve de começar a trabalhar aos 8 ou 12 anos de idade e os papás a nós de um tudo providenciavam, mas quem não teve crises existencialistas na infância ou na adolescência não as terá vivido de facto. Foi-nos dada essa hipótese, pelo menos, de viver infâncias e adolescências 'normais'. Ainda que o termo 'normal' soe sempre a anormalidade, já que não deixa de ser um termo bastante abstracto e vago, susceptível a inúmeras interpretações.
Mas foi-nos dada, sim, a possibilidade de crescermos felizes e completamente absortos em fantasias.

E hoje estamos à rasca. E estamos à rasca não apenas porque não nos é garantido um trabalho, depois de tantos anos de estudo, mas por tudo o que esse detalhe comporta. Porque nos vão chacinando todos os sonhos e expectativas que foram crescendo connosco, tais como o de ter uma família, casar, ter filhos, viajar, ter casa e carro próprios.
Porque fomos mal-habituados. Porque crescemos com irmãos e sonhámos um dia ter filhos. Este era um quadro normal ao qual nos acostumámos. Porque vivemos em casas que foram sendo facilmente pagas aos bancos, porque havia emprego e os nossos pais podiam pagá-las e assim sonhámos vir a ter a nossa própria casa - este era outro quadro normal ao qual nos acostumámos. Porque vimos os adultos a trabalhar e a construir carreiras e assim sonhámos também nós vir a ter uma - porque não? Se somos a geração melhor preparada e com mais conhecimento? Claro que vamos ter empregos e carreiras e seremos independentes. Ou pelo menos assim pensávamos.
E o centro da problemática está aí mesmo, nas expectativas que criámos, mas que agora assistimos com incredulidade serem afundadas por enormes ice-bergs posicionados estratégicamente para provocar a catástrofe. Mas estratégias essas que nos passaram ao lado porque estávamos muito mais ocupados a sonhar com possíveis contos de fadas que a imaginar possíveis tragédias. Penso que o Walt Disney também terá a sua quota parte de culpa no assunto.

Mas quando digo que fomos mal-habituados, não deposito a culpa em ninguém. A realidade é que ninguém previa que o que está a acontecer agora iria acontecer. Poderiam pensá-lo, imaginá-lo, mas nunca realmente prevê-lo. Só talvez os mais visionários ou quizás os mais inteligentes e entendidos em matérias históricas, cientes de que qualquer império ou sistema acaba sempre por falhar, mais dia menos dia.

Falamos não sei quantos idiomas, dominamos não sei quantos programas informáticos, tocamos instrumentos musicais, fazemos o pino, a cambalhota, dançamos o tango. Concluindo: fomos treinados para viver. Mas conhecimento é uma mais valia, que além de não ocupar espaço, ainda nos proporciona grandes conversas de café e pézinhos de dança nas discotecas do Cais do Sodré. Mas não fomos treinados para sobreviver.

Dou-vos a metáfora do cão acostumado a dormir no sofá e a comer ração Pedigree. Esse cão tem uma vida fantástica, mas no dia em que é largado na rua não se safará como qualquer outro cão não domesticado. Não saberá onde se escondem os ratos, não saberá onde procurar água e se comer restos dos caixotes do lixo terá uma contorção no estomago que o matará, porque nunca seu estomago recebeu outra comida que não a de supermercado. Terá medo dos camiões e dos autocarros, fugirá de objectos estranhos posicionados no meio do passeio e acabará por ser atropelado por um qualquer corredor das estradas.
Nós somos os meninos educados com enciclopédias 'Círculo de Leitores' e alimentados à boca num 'aqui vai o aviãozinho', e que hoje não sabemos o que fazer quando largados no mundo real onde as oportunidades são cada vez mais escassas e ainda que as haja, não fazem o nosso perfil - "É que eu estudei tanto para isto... não consigo candidatar-me àquilo".
Mas mesmo aqueles que se candidatam até para lavar escadas, ainda que com dez certificados de habilitação no bucho, são rejeitados exactamente por causa de todos essas habilitações.
Assistimos a este paradoxo incrível de não nos serem dadas oportunidades na nossa área de estudo por não termos experiência suficiente nos nossos currículos e por não haver vagas para todos (mas se não a temos é porque esta não nos é dada) e de não nos serem dadas oportunidades em outro qualquer tipo de trabalho porque não é a nossa área de estudo. Afinal em quê que ficamos?

Aos 30 anos ainda somos demasiado jovens para sair de casa e constituir familia, porque não temos emprego. Os que agora têm 40 anos são velhos demais porque já são considerados inválidos para recomeçar seja o que for. Mas esta última já é outra geração, com seus problemas específicos que não os mencionados em cima.

E tudo me parece simples quando me dou a mim mesma a oportunidade de relaxar e pensar que ter o que comer e onde dormir já é bom demais considerando outros cantos do mundo onde explodem guerras e povos inteiros são subjugados à sub-nutrição permanente. Podemos afinal considerar-nos afortunados por termos pais que ainda nos sustentam, termos um tecto em cima da cabeça e um frigorífico parcialmente preenchido. E de ter acesso fácil à informação e de nos podermos considerar pessoas instruídas, de alma alimentada, que nos afasta de preconceitos ignóbeis, podendo assim viver num país de bandeira branca hasteada.
O grande-senão é termos sonhado com muito mais que um estomago nutrido e uma cama confortável.  'Muito-mais' esse que se transfigurou numa expectativa frustrada.
Deve doer muito ter um estomago vazio, mas qual é a medida usada para medir a dor da alma? Essa alma alimentada por Walt Disneys e sonhos de futuros promissores, com filhos, casas e carreiras nos nossos empregos de sonho?

Lá teremos de nos subjugar à realidade e finalmente aprendermos o significado da palavra 'adaptação'. E aquele que se adaptar, poderá ele auto-nomear-se como vencedor.

sábado, 13 de abril de 2013

A Uzi que há em mim

Fui inspirada pela Ana Saragoça e seu texto "A bazuca que há em mim" dirigido às redes sociais, em particular ao Facebook. Se tiverem curiosidade busquem por ele na web. É deveras engraçado.
Contudo, não quero fazer um 'copy-paste', mas sim dar, também eu, o meu parecer pessoal sobre esta complexa rede. E apontar a minha uzi, como a Ana aponta a bazuca, às coisas que mais me irritam no Facebook. (Desculpem, mas não podia escolher a bazuca, essa já é da Ana Saragoça; eu fico-me pela uzi).

Ela começa por dizer que não tem nada contra o Facebook. E eu também não.
Aliás, quem andar mais atento já deve ter percebido que me encontro online bastantes vezes.
Mas ela enumera uma série de pontos que a irritam. E em grande parte são os mesmo que me irritam a mim. Mas eu vou falar de alguns outros também e de uma forma diferente.
No entanto, sejamos claros: tanto me irrito como me regozijo. É que sem estas pequenas coisas nem teria matéria para escrever! Somos todos 'macaquinhos em jaulas' e não deixa de ser interessante observarmos-nos uns aos outros.

Eu trabalho muito a partir de casa e estar ligada ao 'mundo' através da rede é bastante confortável. Digamos que é porreiro poder mandar umas bocas a um amigo no chat; é brilhante poder falar com o meu irmão que vive no estrangeiro sem ter de gastar saldo, e é também um bom passatempo fazer scroll e ir vendo as mais frescas notícias (porque vejo pouco televisão e é no Facebook que fico a saber de quase tudo o que acontece e até mesmo aquilo que não acontece! O que é fantástico!); é bom dar umas valentes gargalhadas com determinados 'posts' (porque há quem tenha realmente muita graça) e é bom ir recebendo aqui e ali notificações sobre receitas ou sites interessantes, ler artigos de opinião, admirar obras de arte e ler citações de bons autores ou até receber uns quantos 'gostos' nalguma parrafada que eu mesma publiquei. Gosto também de ver fotos de amigos e de, às vezes, vasculhar perfis e ver com quem namora agora fulana tal ou saber onde está agora a viver sicrano, e uma data de outras coscuvilhices inofensivas (pelo menos da minha parte). Até porque se publicam, é para que seja visto, certo? Portanto também não me importo que vasculhem o meu. Tudo bem.
Não vou falar mal do Facebook enquanto plataforma, porque estaria a dar um tiro no próprio pé. Eu uso-o e bastante. E gosto.
Tudo bem.

Eu partilho da opinião da Ana, de que o Facebook é uma ferramenta útil e até lúdica, mas quando bem usada.

Sinceramente, não me chateia em absoluto que as pessoas ponham na sua informação pessoal que são casadas, solteiras, viúvas ou até que estão interessadas numa relação aberta. Até digo mais, acho 'fofinho' quando namorados usam fotos um do outro como suas próprias fotos de perfil. Ela tem a ele, ele tem a ela. A sério, acho mesmo querido! Tudo bem.
Também não me chateia em absoluto que as publicações de um amante de bicicletas sejam 90% sobre/com bicicletas. Ou que as publicações de um amante de desporto sejam 90% sobre desporto. Ou que quem tem uma paixão louca por cães e gatos passe a vida a publicar fotos dos ditos (eu sou uma dessas pessoas). Ou que aqueles que ouvem as mesmas músicas em loop acabem por publicar as mesmas músicas semana após semana. Tudo bem. A sério, tudo bem, mesmo!
Também é para o lado que durmo melhor quando alguém decide avisar a rede do que está a fazer ou a cozinhar; que partilhem sentimentos, pensamentos, opiniões... Tudo bem, é para isso que cá estamos todos.

Mas afinal quais são as coisas que me irritam no Facebook? Vou tentar não me esquecer de nenhuma.

Primeira de todas e aquela que mais azia me dá: frases atribuídas a famosos que provavelmente nunca as proferiram. E que muitas vezes são vazias de qualquer conteúdo.
Faz-me confusão: essas frases de um significado mediocre, feitas sabe-se lá por quem, que são pespegadas na fotografia de um seu suposto autor, e que pumba!, já vão na milésima partilha. É aquilo a que eu chamo de partilhinha-de-rabo-na-boca. Andas às voltas e não sai do sítio.

Há uns dias vi uma interessante com a Whitney Houston.
Claro! Morreu...! E então faz agora parte da lista de iluminados que diziam coisas magníficas. Porque quando estava viva era uma bêbeda, que por acaso tinha uma óptima voz, mas só por acaso, não é?
E a dita imagem dizia assim - "I've never dropped anyone I believed in", assinado 'Whitney Houston'. E vamos pensar que foi mesmo ela que proferiu esta frase. A verdade é que a única coisa que me veio à cabeça foi - "Well, you didn't believe in yourself much, then".

Onde está a moral da história? Não sei bem. Porque partilham isto? Também não sei bem.
Mas a frase é bonita. Pena que a primeira coisa que me tenha vindo à cabeça foi - "Mas afogaste-te numa banheira, entupida de drogas." E então que sentido faz partilharem essa citação?
Nada contra a senhora Whitney, questiono apenas a utilidade prática ou intelectual da publicação em si. A frase é bonita, mas também não me diz muito e tão pouco engrandece a suposta autora. Fico então a pensar que a pessoa que partilhou dita mensagem está a querer mostrar a alguém o que ela mesma pensa ou sente... Mas então porque usa a Whitney em vez de se usar a si mesma?

Mas esse não é o problema central. O problema é que para NÃO meu grande espanto vi mais tarde a mesma frase, só que desta vez atribuida a Marilyn Monroe.
Portanto, quem foi afinal a autora da frase? Se calhar não interessa muito quem foi, mas o engraçado é que muitos vão acreditar que foi uma delas. E o mais estranho é que ambas morreram de supostas overdoses e foi alegado, em ambos casos, suicídio. Mas, atenção, longe de mim ridicularizar as trágicas mortes das duas senhoras (que 'Deus' as tenha), apenas não me parece que sejam estas as melhores porta-vozes condutoras de frases motivadoras e sábias (ainda que a frase em questão pouco ou nada contenha de motivador ou sábio). Além de que, uma vez mais, é algo provável que não a tenham dito. Porque ora vejo a frase assinada por uma, ora passados uns dias a vejo assinada por outra... Hummm...

Daqui a nada começam a aparecer frases supostamente ditas pela Margaret Thatcher, endeusando a senhora, e esta revirar-se-à na tumba dizendo - "Bloody arseholes!", que fará bem mais o seu género.

Mas para quê falar em Whitney Houston ou Marilyn Monroe, quando temos o famoso Tupac há séculos a deambular na rede com frases como - "They got money for the war, but they can't feed the poor". Era tão boa pessoa, o miúdo, não era?
Não, não vou falar dele como compositor/interprete/rapper, porque o meu problema aqui não é o Tupac artista. E também não devia falar do Tupac enquanto pessoa, mas urge fazer uma rectificação: ele tão pouco seria 'pêra-doce' já que foi preso uma vez por alegado abuso sexual. Ah, e por falar em dinheiro e pobrezinhos, o jovem Tupac quando foi atingido encontrava-se dentro do seu humilde BMW. E sabe-se lá porque foi morto e em que tipo de coisas andaria metido.
Seja como for, quem conta um conto, acrescenta um ponto, não é assim? Se calhar não foi nada disso que aconteceu (e o rapaz tinha direito a ter um BMW, fossem lá quais fossem os seus ideais).
Mas então SE CALHAR essas frases também não são da autoria de nenhuma dessas pessoas. OU ainda que sejam, parece haver uma tendência estranhamente compassiva em relação aos mortos, porque depois de estarem mortos só damos importância ao de que bom disseram um dia, esvaziando por completo qualquer contexto.
Chiça, que irritação. Uzi nessas publicações!

Depois há umas (muitas) tiradas que me reviram igualmente o pancreas, tais como: "Ama e Amado serás, Dá e Receberás. E não julgues, mesmo aqueles que te julgarão". Porra, já estou farta destes clichés.
Vamos procurar a pólvora aqui? Eu acho que a intenção de quem partilha estas coisas só pode ser boa, mas será que esta frase faz mesmo sentido? Então se eu amar, amada serei e se der, receberei. Mas mesmo que não julgue, continuarei a correr o risco de ser julgada? Algo não está a funcionar bem aí. Esse ciclo positivismo-gera-positivismo presente nas duas primeiras afirmações é completamente chacinado pela última.
Humm...Caput. O meu cérebro deu um nó. Ou será que o Karma é realmente uma coisa deveras caprichosa?
Amigos, não, não faz sentido. E tendo em conta apenas as duas primeiras afirmações, não me parece que as coisas sejam assim tão lineares. Basta olhar os chocantes números de mulheres vítimas de violência doméstica por parte dos seus amados maridos. Elas amam, eles batem. Ou às vezes também se dá o contrário, eles amam e elas batem.
Anyway, se o karma existe, é um gajo com um 'delay' danado. Vamos pensar que o Aristides de Sousa Mendes está agora no céu a receber as melhores das regalias, porque enquanto vivo e capaz ajudou milhares de judeus a escapar a uma morte certa e cruel, mas mais tarde envelheceu e morreu na mais ignóbil das misérias. Uzi?

Adiante.... Eu posso realmente ter um péssimo feitio, mas também me irrita ver publicações de carácter motivador, mas que só nos fazem sentir ainda pior, como a que se segue - "Quem quer fazer algo arranja um meio, quem não quer arranja uma desculpa!".
Alto e pára o baile! Se não quero fazer seja o que for, é porque não quero e pronto. E para isso nem é preciso dar desculpas. É?
Mas se até queremos, por exemplo, perder 10 kgs...sim, é bom que nos esforcemos e nos foquemos, mas também é óbvio que nem sempre estamos com disposição para ir correr debaixo de chuva ou comer talos de couve e, sim, vão haver momentos em que temos de começar tudo de novo e, sim, vamos arranjando umas desculpas ou justificações, porque nem sempre estamos motivados! Mas ficamos a sentir-nos péssimos porque afinal somos é uns mandriões e arranjamos desculpas. E no final, não fazemos é nada. Mas enfim, isto é até do que menos me enerva.

Seguinte: E os pôr-do-sol e céus estrelados? E os Arco-iris? E melhor ainda, aquelas montagens que gritam "eu sou uma montagem!", mas que o pessoal partilha a achar que descobriu um paraíso na terra?
Eu acho tudo muito bonito, inclusive as montagens!! A sério que sim! Quem não gosta de um pôr-do-sol?
Mas o problema está nas afirmações associadas em rodapé como "O mundo é lindo!", apesar de se tratar de uma montagem, ou "Plutão está em entrar na casa de Aquário, Iupi!", com uma setinha a mostrar onde está Plutão e onde está a constelação de Aquário. Ou...whatevá!, porque percebo muito pouco de astrologia.
Epa, mas sim, interesso-me algo por signos e astros, acho que é um tema interessante e acho, inclusive, que há fundamentos razoáveis para continuarmos a estudá-los. Se a lua influencia as marés, é bem possível que nos influencie a nós também. Mas daí a achar que o raio de um calhau chamado Plutão, a anos luz daqui, vai mudar a minha vida ou o meu estado de espírito...ou que encerra em si todo um destino... é demais! É demasiado fatalista para meu gosto! 'Tá de sacanagem, né?
E aquelas publicações - "Aquário: Tens nas tuas mãos o dom da mudança e a visão do futuro!" - Ao que só me apetece responder - A sério? Então porquê que continuo a viver às custas da minha mãe com quase 30 anos de idade e não estou sequer, de momento, a vislumbrar futuro algum? E porquê que o Cristiano Ronaldo, que nasceu exactamente no mesmo dia que eu, é um craque da bola e eu sou péssima com uma bola nos pés?
E se por acaso faço esse tipo de comentário, logo levo com uma daquelas respostas paternalistas - "Oh minha linda, um dia hás-de entender, a verdade virá ao de cima. Tem paciência! Eu já lá estou!" - Já lá estás? Onde? Na verdade absoluta? Ou 'tás aqui e tás a levar uma sapatada?
É, há muito pessoal por aí em vias de Messias...
Nem mais comentários. Uzzzziiiiiiii!

Passando à frente.... Outra coisa que é muito banal nos dias que hoje correm nas redes sociais: publicações sobre política e economia. Sim, claro que se fala de política e de economia e deve-se falar sobre política e economia. Sim, estamos a viver uma crise sem precedentes e temos de nos armar em galifões e abrir as goelas. Mas cuidado, estimados, porque nem tudo o que anda na web é verdade.
Fico de boca-aberta com as repetidas publicações sobre os salários terrivelmente baixos em Portugal e como em todos os outros países o pessoal ganha o dobro ou o triplo.
Calma, estimados... Eu vivi em Espanha e por lá a coisa não era melhor que aqui. Mas também vivi em Inglaterra e posso garantir-vos que SE o ordenado mínimo no Reino Unido é de 1300 libras (como li algures), em nenhum dos trabalhos por onde passei ganhei sequer a metade disso. E estava inscrita nas finanças e tinha actividade aberta, e portanto as coisas estariam a ser feitas, supostamente, legalmente. Mas nunca jamais vi o tal do ordenado mínimo ser-me justamente posto na mão. Portanto, ainda que esses valores fossem os que a lei dita, nem sempre nos chegam aos bolsos, nem aqui nem noutro lado qualquer.
E temo dizer-vos que em 2011, que foi o ano que em Londres vivi, o ordenado mínimo andava à volta das 700 libras e não das 1300. E sim, é mais do que aqui! Mas tendo em conta que pagava uma renda de 600 libras e o passe do metro (para duas zonas apenas) era a módica quantia de 130 libras...façam as contas e imaginem só de onde vinha o dinheiro para comer (ai, rica mãezinha...). Uzi nessas tretas todas também.

E por falar em política, não consigo evitar falar no Miguel Gonçalves (se não sabem quem é, pesquisem). O tal do Miguel Gonçalves inebriou muita gente com os seus discursos apaixonados e cheios de motivação e foram muitos os que o aplaudiram. Mas agora que faz parte (ou fazia, já nem sei de nada) do Governo, é só ver publicações a achincalhar o jovem empreendedor.
Estimados, decidam-se: ou gostam, ou não gostam ou calem-se. Antes era um jovem super-star, cheio de carisma e honestidade, agora é um oportunista reles e mentiroso. É quase como se eu atravessasse uma estrada e de repente me tornasse noutra pessoa: do lado direito sou muita fixe, mas do outro lado já não fico tão bem.
Eu nem sei se tenho opinião sobre ele... só vos peço uma coisa: Decidam-se.
Quanto aos que já tinham uma opinião formada desde o início e continuam a pensar o mesmo, têm todo o meu respeito.
Mas por muitas pedras que haja para atirar ao Gonçalves, ao Relvas, ao Passos Coelho, ao Sócrates e a tantos outros, calma... estimados, já cansa ver tanta folia à volta das mesmas pessoas. Não que eles sejam uns anjinhos. É claro que andam a ultrapassar os limites, e eu sou tão lesada como qualquer um de vós, mas a pergunta que muitas vezes me faço é a seguinte: E vocês? Fariam melhor? E eu? Faria melhor?
Há, por acaso, um cliché do qual gosto bastante ainda que possa ser discutível como qualquer outro: a mudança começa em cada um de nós.
É que algumas das pessoas que vão para as manifestações gritar pelos seus direitos e se sentem mega insultadas pela precariedade e pela falta de escrúpulos de alguns, são as maiores sacanas que existem à face da terra no seu dia-a-dia. Eu conheço algumas. Não muitas, mas as suficientes.

Outra coisa que me tira do sério: pessoas que publicam coisas como - "Posso ter muitos defeitos, mas pelo menos não sou invejosa, intriguista nem falsa e não falo mal de ninguém como certas pessoas!".
Vamos à procura da pólvora outra vez? A menina diz que não é invejosa, nem intriguista, nem falsa e não fala mal de ninguém, mas está a atribuir todos estes defeitos às tais 'certas pessoas'.
Olha, querida, pode ficar de fora o 'invejosa' e até o 'falsa', mas acabas de fazer uma intriga e acabas de falar mal de outras pessoas, ainda que não digas os nomes. Ah, e se não dizes os nomes (porque de certeza que essa publicação é para alguém em específico), talvez tenhas também um tiquinho de falsidade. Não? Ou chamar-se-à apenas estupidez? Upsy!
Mais comicó-trágico é quando alguém publica algo como - "Tente não queixar-se de nada durante pelo menos 24 horas. Vai ver como se sente melhor!". E passados cinco minutos a mesma pessoa publica qualquer coisa como - "ai, como eu odeio que não me respondam a mensagens! Que nervos!".
Oba... temos um caso interessante de bipolaridade em 'mãos'!

Por último: mas que grande seca ter de levar com aquelas cenas - "Já sei que a maioria das pessoas não vai partilhar, mas ainda assim faço um apelo (...) por todos aqueles que morreram de cancro (...)"
Então...? Mas achas que é assim que consegues partilhas? A partir logo do princípio que já sabes que ninguém quer saber e que somos todos uns grunhos e uns brutos? Ai, assim é que não partilho mesmo...
Mas sem querer ofender ninguém, para quê partilhar velinhas, anjinhos ou lacinhos em nome de todos os que morreram de cancro? Acreditem, eu já senti na pele a perda de alguém que amava para essa mal-dita doença. Mas de que me vale a mim ou de que vos vale a vocês passar velinhas, anijinhos ou lacinhos virtuais? Já foi, já foi, já está, não voltam. Mas talvez o mal esteja só no começo, quando dizem - "Já sei que a maioria não vai partilhar...", é que entornam logo o caldo.

De resto, não me chateia que publiquem fotos em biquini (desde que saibam o que andam a fazer), nem que publiquem fotos Instagram da refeição espectacular que estão a saborear numa qualquer ilha paradisíaca. Essas coisas até dão colorido à rede. Tudo bem. Muito menos que se façam declarações de amor aos namorados(as), mães, pais, irmãos, cães... Tudo faz sentido, quando tem realmente sentido.
Evitemos apenas aquilo que não faz sentido algum. Vale? Senão... Uzi.

E mais coisas deverão existir, mas o texto já vai longo. E por acaso há outra coisa que me chateia um bocado: textos longos. É que não há paciência! Mas vá, não sejam mandriões como eu e não arranjem desculpas! ahahaha

P.S. Não foram revelados os nomes dos publicadores das 'tonterias' descritas por uma questão de respeito e sigilo, embora eles 'andem' aí. Mas também porque amanhã me vou arrepender de tudo o que escrevi e assim a culpa será menor.














domingo, 31 de março de 2013

Des-ambição

Quando não nos resta ambição na alma, aquilo que nos resta é uma desambição, mas essa não é calma.
As caminhadas são as mesmas, as pedras da calçada percorridas sempre iguais e o mesmo animal pela trela e seus tiques habituais.
O não-novo que desespera, mas de novo nada tão pouco se espera. E olhando para o animal pela trela, pensamos que em algo ainda pomos atenção, mas de que serve ela se em nós não sentimos qualquer emoção...
Lealdade ou generosidade podem ser uma virtude, mas às vezes uma virtude triste.
O meu propósito é cuidar de ti, ainda que nunca venhas a dizer aquilo que sentiste.
Pois és um cão, mas a ti devoto um pouco da minha paixão. Da muita que foi sendo engolida por tamanha frustração de não ter conseguido transformar os castelos de nuvem em castelos de pão.
Nesse castelo onde me pudesse alimentar e continuando a sonhar na possibilidade ou na ilusão.
Onde pudesse fazer de ti a minha companhia e não de mim a tua.


sexta-feira, 15 de março de 2013

Um Papa pouco 'papável'


Ora cá está um tema do qual ninguém fala! (para os mais ingénuos, estou, obviamente, a ser irónica).
Mas tem tanto que se lhe diga que tenho também eu de falar....embora esteja com medo de fazer um texto de 3 km. Vou tentar entrar já em 5ª mudança para que a jornada não seja longa.

O Papa, sua Santidade e Eminência, o Papa. O seguidor de São Pedro que foi aquele que, dizem as lendas, botou o primeiro calhau no local onde hoje em dia se encontra a Catedral de seu mesmíssimo nome.
Eu já lá estive e é sem dúvida uma assombrosa Catedral. Fiquei estupefacta a olhar para aquelas esculturas com a altura de 5 homens, talhadas por sei lá quantos artistas já idos, de uma maestria incrível. E de facto sente-se uma certa emoção, quase como um encontro com anjos ou unicórnios, ao entrar na Catedral e ao observar tamanha Arte e tamanha Beleza. E nem é preciso estar em ácidos! Não, esqueçam isso, e até evitam embaraços no aeroporto.
Mas rápido me apercebi que era a emoção pelo sagrado da Arte e não pelo sagrado 'Senhor' (..Aquele...sabes? A quem rezas todas as noites e nunca faz o que pedes, sabes? Okay, esse mesmo.)

Mas voltando ao Papa... Andam as más línguas a dizer que o último resignou porque está com Alzheimer. Se calhar está. Sei lá eu. Não me mandou nenhum tweet com as novidades...!
Mas tenho cá para mim que não, que o que ele teve foi uma crise religiosa. Apercebeu-se que Deus nem a ele aparece e então desistiu de falar em nome Dele. Fez birrinha. E talvez até tenha sido isso que lhe provocou o tal do Alzheimer, se é que isso é realmente verdade.

E agora temos outro. Claro. Porque a Igreja sem Papa é como....errrr....um bolo sem cereja no topo?
Até hoje não sei para que ele serve. Digamos que será o porta-voz, aquele que diz o que a corja manda dizer e pouco mais. O RP do Vatican Club! E pagas para entrar como em outro Club qualquer, assim como não vale ir mal vestido: meninas de saia e decote..nem pensar! (Ainda me lembro que tive de comprar uma t-shirt foleira porque ia com os braços descobertos (ya, estão 40º!) )
E o que a corja manda dizer (não esquecendo que dessa corja faz ele também parte) é que nos amemos uns aos outros como irmãos, como iguais. Muito bonito!
Mas depois rapidamente se contradizem dizendo que entre todos estes 'iguais' que somos há, sim, muitas diferenças.

Hoje vi publicada uma frase que terá sido proferida pelo novo Papa. Não tenho ainda como confirmar se realmente a disse ou não (o Facebook também está minado de 'brincalhões'), mas acredito realmente que a tenha dito:
"As mulheres são naturalmente inaptas para exercer cargos políticos. A ordem natural e os feitos mostram-nos que o homem é o ser político por excelência. As escrituras demonstram que a mulher é e sempre foi o apoio do homem pensador e fazedor, mas nada mais que isso".
E a única coisa que me veio à cabeça depois de ler tamanha barbaridade foi apenas um "Ai....", levando à mão à testa.

E depois lembrei-me de uma parrafada que eu mesma publiquei no Dia da Mulher, exaltando as diferenças entre homens e mulheres e dizendo que delas advém uma grande beleza. Mas essas diferenças não estão na qualidade de pensamento e na qualidade dos feitos. Serão as diferenças óbvias como o facto de uma mulher dar à luz e um homem não, de uma mulher ter uma maior aptidão para certos ofícios nos quais o homem é mais tosco. Ou o facto de o homem ter mais força física e, por conseguinte, ter uma capacidade defensiva maior ou o facto de ter também ele uma maior aptidão para certos ofícios que uma mulher não terá (mas não descorando as excepções, é claro). Serão então, também, as diferenças de um sentir e pensar, porque, de facto, não somos iguais. Mas como essas diferenças são complementares e nunca deveriam ser tratadas com desigualdade de dignidade e qualidade.
Sei empiricamente que tenho muito mais jeito e paciência para coser bainhas que o meu irmão. E sei empiricamente que ele tem muito mais jeito e paciência para jogar à bola. Ele vai ficar irritado por nem sequer acertar com o fio no buraco e se o conseguir vai coser tudo aos zig-zagues. Eu vou ficar irritada por nem sequer acertar na bola e vê-la passar a correr ao meu lado.
Sei empiricamente que as mulheres, regra geral, são mais dadas a arrumações, ao detalhe, às artes e inclusive aos cozinhados (embora os famosos chefs sejam quase sempre homens, mas simplesmente porque foi retirado o 'spotlight' à mulher durante muito tempo.) E sei empiricamente que os homens são mais dados aos arranjos eléctricos, à informática ou, em tempos idos, aos campos de batalha.
Mas também sei empiricamente que há excepções em todo o lado. Há mulheres que jogam à bola maravilhosamente e homens que fazem arranjos de flores como ninguém! E nem um nem outro têm de ser necessariamente homossexuais.

Mas, ainda que haja diferenças, onde entra a tal convicção de que um tem capacidade de liderança e o outro não? Onde entra a tal convicção de que um apenas apoia e o outro é que é realmente capacitado para pensar e fazer acontecer?
Em lado nenhum. É só a vergonhosa continuação de um achincalhamento ao Ser Mulher que pretendem perpetuar no tempo. E a única razão que me parece mais verosímil para que isto continue a acontecer é o grande temor que esta gente tem da mudança. Ui, como é difícil sair da zona de conforto... Ui, como temem eles que de repente as mulheres assumam cada vez mais cargos de liderança e eles sejam relegados para cargos de outro tipo. Cargos esses que de mal nada têm, salvo seja.
E porque têm eles tanto medo de sair dessa zona de conforto? Talvez porque já se aperceberam, há muitos milhares de anos, que de facto a mulher também tem poder.

Dizem também eles que não concordam com a união de casais homossexuais (ou melhor dito: desaprovam a homossexualidade, ponto final), porque dessas uniões não nascem frutos/filhos. E a pergunta que fica no ar é: E então o vosso voto de castidade? Sai criancinha dai?...Só se estiverem à espera do safado do Espírito-Santo que engravida virgens! Mas quanto a esse tipo, acho que vos enganou e bem. A virgem não era virgem e o Espírito era bem homem...
Mas também deixem-me que vos diga que de gente está o mundo cheio. E por isso, a nós um grande favor fazem em serem castos! Claro que toda a gente desconfia que entre as vossas quatro paredes 'vai tudo quanto mexe', mas isso a mim pouco me importa (só me importa se o que mexe forem criancinhas, as tais que vocês tanto prezam...não é? Porque de resto, é para o lado que eu durmo melhor.)

Este é um Papa pouco papável. Até tem um ar de avôzinho simpático, mas anda há muitos anos em péssimas companhias. Pouco papável como terão sido quase todos os outros. Mas há que 'pape'! Mas só o papam os que gostam de levar com areia nos olhos. Vai Papa, vai areia, vai papinha de areia, vai tudo.

E para terminar: porque haveremos nós de acreditar em parábolas escritas há mais de 2000 mil anos atrás se o que vem no Correio da Manhã, a cada dia, é 50% falso? Quem diz Correio da Manhã diz outro jornal/revista qualquer.
Mas tem piada, eu usei a palavra parábola. Ide ver o que significa o termo 'parábola' e parai de levar ao pé da letra as bem-ditas das escrituras. Escrituras essas que por acaso li (..edição Paulista, 2500 folhinhas de vegetal - um verdadeiro sacrifício..) e foi dos livros mais aborrecidos que algum dia tive o (des)prazer de ler. No entanto, se tiver a paciência de Jó (uma das muitas personagens bíblicas que sofreu horrores como provação), até pode ser que encontre muitos belos ensinamentos nele, mas creio que tudo dependerá da minha interpretação e da perspectiva em que eu mesma vou querer po-los.

E agora cantemos todos juntos: Põe tua mão na mão do meu senhor....
Amén!



domingo, 10 de março de 2013

Somos todos homens na terra


Somos todos homens na terra, mas talvez não haja nem terra nem homens. Talvez um Deus nos engane. Talvez um Deus nos tenha condenado ao tempo, essa longa ilusão. 
Sonhámos a lua, o sol, as estrelas, o mar, e até os olhos que tudo isso vêem. Sonhámos o amarelo, o azul e o vermelho. Sonhámos as noites e as manhãs, o escuro e o claro; sonhámos o dia de hoje e sonharemos o dia de amanhã. Sonhámos o ponto, a linha, o volume, a perspectiva, a profundidade. 
E então talvez um Deus nos engane. Talvez comamos pedaços de nada pensando comer maçãs. Talvez sejamos nuvens de fumaça imaginando-nos homens. 
Sonhamos ter valor, mas talvez não o tenhamos. Valor, essa longa ilusão. Talvez um Deus nos engane e nos tenha condenado a essa persistência inútil.  
Só os místicos podem dizer se a vida tem valor. Mas talvez os místicos sejam também eles uma mentira. E até o Deus que nos engana, talvez nem ele próprio exista. Nem ele, nem a mentira. Se não há mentira tão pouco haverá verdade.
A Alma esté em crer que o cão é cão e que ali ao canto se encontra deitado, protegendo, acompanhando. O cão está em crer que eu sou gente e que o protejo e acompanho a ele. Dou-lhe de comer, dou-me de comer. Deito e acordo. Todos os sonhos e dias sonhados. Porque é assim que tem de ser. Mas é assim que tem de ser?
É que talvez esse Deus sejamos nós. E então num verdadeiro exercício de liberdade, só me apetece dizer: mas que grande Porra!