terça-feira, 29 de outubro de 2013

O texto mais lamechas de sempre


Hoje apeteceu-me escrever algo mais lamechas. Mas tenho a nítida sensação que vou acabar por desconstruir a 'lamechice', não fugindo à minha natureza sarcástica e petulante que a tantos irrita, portanto não desistam já à segunda linha (dou-me conta que já comecei a fazê-lo sem realmente querê-lo, mas eu dou-lhe no freestyle).

Será que vou estar a repetir-me? Se calhar sim. Mas acho mesmo que nunca escrevi sobre isto - paixões!
Se é um déjà-vu... deixá-lo ser!

Ora bem, paixões... e o que nos leva a elas...
Adoraria ser um Oscar Wilde (tirando a parte da cirrose) e ser tão brutalmente realista e sábia como ele quando descrevia as suas personagens e explicava o que elas sentiam e porque sentiam o que sentiam. Mas não sou o Oscar Wilde. Não sou esse gajo, sou a Ana Luelmo.

A primeira pergunta que faço é a seguinte - Porquê que nos apaixonamos?

Os mais clínicos e frios dirão que nos apaixonamos quando estamos descentrados, talvez até deprimidos e, como consequência, sentimos a necessidade, ainda que inconsciente, de buscar alegria e excitação no outro. A nossa vida é miserável, sentimo-nos vazios e incompletos, a nossa auto-estima está feita em frang'alhos e é então com uma paixão que reanimamos o sentido das nossas vidas. E pensam eles que nós (os outros) gostamos de pensar que tanta chatice afinal até teve uma razão de ser - foi para melhor saborear aquele momento! Ou não saberiamos distinguir o doce, sem termos conhecido o amargo!
Mas eles continuarão a insistir que estás deprimido. Que não estás apaixonado, estás é doente. No entanto são normalmente tipos de poucos sorrisos e chateados com a vida. Mas recusam-se a procurar a solução numa relação, pois isso não é de gente inteligente!

- Sim, eu já sei porque nasci e porque estive este tempo todo sozinha/o e largada/o à bicharada, era porque estava à espera do amor da minha vida! - que regra geral acaba à chapada, mas não deixa de ser o amor da nossa vida, pelo menos por uns tempos. E aí vêm os bastardos dos clínicos e frios e dizem:
- Eu estou a avisar-te. Estás a tentar resolver a tua miséria com fita-cola e isso vai dar merda. Olha, eu estou tão bem assim, sem ninguém para me chatear o juízo - dizem sem mostrar qualquer tipo de emoção.

Os mais românticos acreditam em.... romance. E posto isto é vulgar dizerem que nos apaixonamos porque não há realmente sentido algum na vida sem que aconteçam eventos como esse. Roçam o enjoativo e são fãs incondicionais da Disney. E ainda que, uma vez mais, acabe tudo à chapada, continuam a insistir que tudo teve um propósito e que ele ou ela vão acabar por voltar. E se não voltam, estarão a desistir da única oportunidade na vida que terão de viver um grande amor 'forever and ever'.

- Vê-se nitidamente que foram feitos um para o outro. Dão-se tão bem. Que bonito! Que romântico! Isso nunca vai acabar!
Ups, acabou.
- Mas ele/ela está confuso/a, vai voltar, tenho a certeza. Algo tão bonito não pode acabar!

O problema destes tipos é que acabam por resumir a tua vida a uma única pessoa e arrasam com qualquer hipótese de encontrarmos alguém novo. Tens de ficar por ali mesmo, senão vais ficar sozinho para sempre. E quando arranjas alguém novo, ficam super contentes, ou não adorariam eles um bom romance, mas volta e meia tocam no nome do 'falecido', só para que não te esqueças de onde vieste.

O pessoal do karma e do destino avisa-nos que qualquer pessoa que passe pelas nossa vidas tem o propósito de nos ensinar algo novo e de nos transmitir uma mensagem. Uns vieram para suprir uma necessidade, outros apareceram para conhecermos melhor a nós mesmos e outros para nos dar lições de vida que ficarão connosco para o resto das mesmas. E que (esta confesso que me 'enerva os nervos'), normalmente nada dura para sempre num sentido prático, mas que, de um ponto de vista espiritual, tudo dura para sempre visto que as as necessidades a suprir foram satisfeitas, as referências deixadas e as lições de vida bem entregues.
Onde está o elefante aqui? O elefante é bem visível. É que normalmente as necessidades não foram totalmente supridas, já que se és romântico ou estás é deprimido, vais querer ficar com aquele pessoa para sempre. E não só não te conheceste melhor, como estás ainda mais confuso, porque acabas de vender a alma ao diabo. Aqui é o meu lado mais clínico a falar.

Depois há os que dizem que é tudo obra do acaso. Que não só o mundo e a humanidade surgiram de um peido espacial, mas como toda e qualquer coisa que aconteça nas nossas vidas acontece de forma aleatória. Se te enrolaste com determinada pessoa foi porque naquele momento te apeteceu e por acaso foste correspondido, mas ninguém escreveu qualquer linha num qualquer livro sagrado sobre tal situação. Resumem tudo a uma total insignificância, retirando qualquer brilho à existência humana e ao acontecimento 'amor'. E o mais provável é que acabes sozinho atirado num lar da terceira idade, porque amor é uma invenção humana que perseguimos enquanto somos jovens e estúpidos e não entendemos ainda que andamos a perder tempo a querer ser mais que um simples peido espacial.

Os tipos da teoria da incerteza são, claro está, aqueles que não conseguem escolher apenas uma hipótese e andam às cabeçadas na parede. E entre cada cabeçada, ora escolhem uma, ora escolhem outra. Até que finalmente voltam a resumir-se à eterna incerteza. Eu estou nesta lista.

Segunda pergunta - Porque nos apaixonamos por determinadas pessoas, mais certas ou menos certas, e por outras não?

Isto acontece de facto. Andamos à procura de um certo estereótipo e acabamos encantados com o seu oposto. Ou então encontramos o tal estereótipo e vivemos uma cena altamente, mas mais tarde, finda a história com o primeiro, não conseguimos sentir o mesmo com outra pessoa até sobejamente semelhante à última.
- Mas têm tantas coisas em comum, porque não consigo amar da mesma forma?

Os clínicos - Porque não consegues fazer uma simples transferência de sentimentos de uma pessoa para outra. Mas chamamos a isso vulgarmente de obsessão. Estás doente, vai-te tratar.

Os românticos - Porque aquela pessoa é o amor da tua vida! Ninguém poderá substituí-la!

Os karmicos - Obviamente porque agora tens de passar a uma fase seguinte, aceita que não amarás esta pessoa da mesma forma que amaste a outra, mas se ela está na tua vida é porque tem algo a acrescentar-te. Let it flow, sister! (corações)

Os do acaso - Whatever...

Os da incerteza - Não sei!! Arggghhh!!! Serão as feromonas que são compatíveis com uns e com outros não? Eu voto nas feromonas!

E como eu me incluo nos gajos da teoria da incerteza, eu também voto nas feromonas. E porque votam os gajos da incerteza nas feromonas se eles não têm a certeza de nada? Exactamente porque não sabem nada sobre feromonas e daí a soar-lhes bastante lógico. Quanto menos souberem sobre o assunto, mais margem têm para se sentirem finalmente com alguma certeza, o que é uma lufada de ar fresco.

Mas qualquer uma das teorias acima descritas pode também explicar os casos em que nos apaixonamos por pessoas completamente inesperadas, aquelas que riscam quase todos os items que tínhamos previamente escrito na lista "A pessoa ideal".
Ou porque estamos desesperados e como a pessoa ideal não aparece, caimos de amores pelo tal inesperado ser; Ou porque o romance é vital e insistimos em apaixonarmo-nos só porque a pessoa tem um andar engraçado que a torna incrivelmente especial; Ou porque fomos destinados a cruzarmo-nos com esta pessoa e sentir o que sentimos porque temos algo a aprender com ela; Ou porque WHATEVER, acontece porque sim e 'tou-me nas tintas; Ou porque 'Não sei, mas a cena das feromonas tem algo que se lhe diga!'.

Em todo o caso, seja demência, seja destino, sejam as feromónas...creio que (quase) todos concordamos que é óptimo estar apaixonado.

P.S. Isto não é uma subtil declaração de amor para alguém. Isto são apenas explosões de ideias. Até porque se isto fosse uma declaração de amor, estava bem amanhada, já que poucas gotas de romance escorrem entre estas linhas.


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