quarta-feira, 4 de julho de 2012

Quem espera sempre alcança, já dizia o ditado. Mas eu o desdigo, sem troça. Quem espera desespera, diria então o outro. E esse já cabe em mim com todo seu sentido. Na espera do esperado, desespera-se porque já sabemos o final que irá ser contado. Mas na teimosia do esperar, porque sabendo que se chegasse já deveria ter chegado, vamos reconhecendo que, afinal, o que se teima é não querer desteimar. No desteimar, perde-se a ilusão daquilo que poderia ser, mas nunca será. Nunca será, mas poderia ser.
Há este doce afago que aquece as ilusões, personificando-as no desejado. Pois são elas, afinal, que esperam por nós, todos os dias e todas as noites. Enrolam-se aninhadas no pescoço, amarram-nos os braços e tapam-nos os olhos, e deixamo-las estar, assim enganadas, enquanto pensam que quem nos engana são elas.
Há um rio que atravessa a casa. E as memórias vão nadando contrariando a corrente. Não querem ser levadas e buscam sustento. Estão todas desgrenhadas, já não lhes resta vaidade, apenas arrependimento. De não terem sido salvas a tempo.

2 comentários:

  1. Maria Helena Sacadura Simões4 de julho de 2012 às 12:56

    Olá Ana
    Neste ser ou não ser, já não sei se vinha ou ia,ir ou vinha, mas vinha mesmo para lhe dar os parabéns, da Ana estar numa de escrever, ou não escrever o que lhe vier à cabeça, ou não. Com coração também se escreve, ai, ai -, se se escreve!
    Com rio ou sem rio, com mar ou sem mar, com campo ou sem ervinha, que venham as suas notícias. De preferência que aqueçam a alma! Sim, porque para´não aquecerem arrefecem.
    E se continuo assim ainda descubro que não é bom escrever.
    Bem e depois desta "loucura" vai um abraço e espero continuar a ler a sua prosa, ou poesia.

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  2. Olá, Olá!
    Obrigada! Mas eu numa de escrever já ando há muito tempo :) Há mais tesouros por aí, veja só que vem já desde 2009 :)
    Este texto é que foi num registo completamene diferente. Uma novidade.
    Beijinhos

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